*Rangel Alves da Costa
Noite de chuva. Ou melhor, dia inteiro de
chuva. Djavan diz que nada melhor pra ler um livro. Também acho. O problema é
essa saudade danada, essa viagem em pensamento que outra coisa não faz senão
querer voar. E voando reencontrar o amor distante. Talvez um bom vinho, talvez
uma música clássica, talvez um incenso aceso, talvez apenas escrever. Mas não
conseguiria escrever além de quatro ou cinco linhas. Talvez levantar da cadeira
e ficar rente ao portão observando os pingos caírem, talvez um café fumegante
ou mesmo palavras sozinhas. Mas nada disso consegue afastar do pensamento o
retrato chamado saudade. Uma saudade que se acentua no silêncio, que aumenta
com os sons dos pingos caindo, que se avoluma perante a visão das águas
escorrendo pelas ruas e asfaltos. Tudo isso fazendo recordar um rosto, um
sorriso, uma boca, um corpo. Tudo isso causando uma vontade imensa de estar ao
seu lado, deitadinho em cama quente, abraçando um corpo quente. Mas apenas a
saudade. Tudo distante. E nem imagino o que será do restante da noite em meio
ao silêncio, à canção da chuva e à solidão. Apenas sei da saudade. Muita
saudade.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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