SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 5 de setembro de 2017

Palavra Solta - saudade em noite de chuva


*Rangel Alves da Costa


Noite de chuva. Ou melhor, dia inteiro de chuva. Djavan diz que nada melhor pra ler um livro. Também acho. O problema é essa saudade danada, essa viagem em pensamento que outra coisa não faz senão querer voar. E voando reencontrar o amor distante. Talvez um bom vinho, talvez uma música clássica, talvez um incenso aceso, talvez apenas escrever. Mas não conseguiria escrever além de quatro ou cinco linhas. Talvez levantar da cadeira e ficar rente ao portão observando os pingos caírem, talvez um café fumegante ou mesmo palavras sozinhas. Mas nada disso consegue afastar do pensamento o retrato chamado saudade. Uma saudade que se acentua no silêncio, que aumenta com os sons dos pingos caindo, que se avoluma perante a visão das águas escorrendo pelas ruas e asfaltos. Tudo isso fazendo recordar um rosto, um sorriso, uma boca, um corpo. Tudo isso causando uma vontade imensa de estar ao seu lado, deitadinho em cama quente, abraçando um corpo quente. Mas apenas a saudade. Tudo distante. E nem imagino o que será do restante da noite em meio ao silêncio, à canção da chuva e à solidão. Apenas sei da saudade. Muita saudade.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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