*Rangel Alves da Costa
A mesma sede que vosmicê tem eu tenho. A
mesma fome que vosmicê tem eu tenho. Estendo minha caneca d’água e meu pedaço
de pão. Beba e coma, deite nessa rede para descansar. Além da porta há um mundo
que a gente nunca sabe se tem água e pão. Muito chão e muita gente tem. Mas
difícil encontrar um só coração. Bem ali uma moringa na janela, na chaleira um
resto de café. É só esquentar no fogo de lenha ainda em brasa. Pão ainda há de
encontrar um restinho enrolado no pano por cima da mesa. A noite deve ser de
lua, mas também pode chover na estrada. Prossiga quando quiser, descanse o
quanto desejar. E repito o que já me ouviu dizer: Além da porta há um mundo que
a gente nunca sabe se tem água e pão. Muito chão e muita gente tem. Mas difícil
encontrar um só coração. Não sei que mundo é esse não. Tudo espanta e tudo
amedronta. Prefiro o vento, a ventania, a folhagem seca, a pedra, o cantar do
galo. Nada que seja humano. O humano é sempre desumano demais. Descanse,
repouse, alevante e siga quando quiser. A casa é sua. É pobre, é humilde, mas a
acolhida é no prazer da alma.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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