*Rangel Alves da Costa
A
existência de partidos de oposição faz parte da democracia política. O governo
situa-se como situação, enquanto os adversários caracterizam-se como
opositores. É no embate do pleito, quando um grupo saiu vitorioso perante outro
ou outros, que se passa a ter os lados confrontantes de situação e oposição. E
uma oposição feita a partir de um poder político perdido ou em busca de ser
adquirido.
Em Poço
Redondo, município sertanejo nas lonjuras de Sergipe, a oposição à gestão atual
deveria ser feita pela anterior situação derrotada nas urnas. O que era
situação teria que agora se tornar oposição objetivando retomar o poder. Porém
isto não acontecendo pelo fato da desorganização partidária e de grupo após o
pleito e a falta de nomes que possam sustentar uma futura candidatura e, quem
sabe, a retomada do poder.
O que se
tem hoje como oposição não passa de grupos distanciados do poder e sem nenhuma
força de arregimentação. É uma oposição inerte, sem perspectiva alguma de soerguimento.
E assim ocorre pela dispersão das antigas lideranças e pela fragilidade
daqueles que se achavam líderes. E hoje não são nada.
Não tenho
a menor dúvida do que afirmo: não há oposição na política de Poço Redondo. E
explico. Ora, na política, oposição é a situação de um ou mais grupos em
situação oposta e confrontando a gestão que está no poder, de forma organizada
e combativa. Por outras palavras, oposição é estar, de modo visível e aberto,
frente a frente do poder, como se no olho a olho mostrasse sua capacidade de
estar ali e fazer melhor.
Existe uma
oposição em Poço Redondo, de modo organizado, forte, coerente e combativo?
Lógico que não. Nem grupos políticos de oposição são avistados em Poço Redondo.
Só há um grupo político, o do poder, e pronto. Imaginava-se que as demais
lideranças políticas - acaso ainda existentes - pudessem novamente se reunir
não só objetivando eleições futuras como para exercer ferrenha oposição. Não um
arremedo de oposição que apenas sirva para dizer que tudo está errado, que a
gestão não presta, que nada faz e assim por diante, mas como uma atuação responsável
e coerente até na crítica.
Mas hoje,
a não ser a liderança do prefeito, qual outra liderança existe em Poço Redondo?
E liderança não nasce da noite para o dia, força para política não é gestada de
uma hora pra outra. Tudo deve ser trabalho em longo prazo. O que se tem, na
verdade, são pessoas desgarradas de antigos grupos políticos, sem norte algum e
sem qualquer força para formar um grupo político e formalizar uma verdadeira
oposição.
Exemplo
disso seria a incapacidade de, ao menos agora, ter um nome forte como candidato
para confrontar o grupo de poder atual Quem, se não existem forças organizadas,
se não existem lideranças fortes, se existem apenas um e outro que alardeiam o
inexistente? Afirmo, por último, que não se tem como oposição o descontentamento,
o xingamento, a discórdia de momento, o ciúme por não ter conseguido um lugar
ao sol na gestão.
Só haverá
oposição no dia que os inconformados reconhecerem suas fragilidades e
procurarem, enfim, organizar as forças ainda existentes e começar do zero, pois
o “dez” navega tranquilamente, em céu azul, e até agora sem qualquer ameaça.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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