SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Palavra Solta: entardecer no sertão


Rangel Alves da Costa*


A paisagem sertaneja apresenta duas primorosas obras de arte, sem menosprezar os tantos cenários cheios de maravilhas e encantamentos. Mas nada igual ao amanhecer e ao entardecer. O amanhecer, contudo, é menos apreciado que o entardecer, e por um simples motivo. Somente os sertanejos de mais idade acordam antes de o galo cantar e convivem com as primeiras cores do dia. Quando os demais acordam a manhã já se levanto há muito e apenas os raios do sol estão entrando pelas janelas e iluminando o mundo lá fora. Mas com o entardecer é diferente, vez que apreciado por todos, pois pouco antes do trabalho ou dos simples fazeres do dia e já entrando na boca da noite. E não há como não se maravilhar ante tal instante divino e surpreendente. O sertão inteiro se toma de cores amareladas, afogueadas, fortes, tingidas, e pelos ares vai se desenhando a mais bela pintura. Os montes, os cumes, as montanhas, as pedreiras, os horizontes, tudo fica delineada pelas cores do entardecer. Lá em cima, o encontro e o passo das nuvens vão abrindo e fechando a fornalha e proporcionando uma festa ao olhar. Primeiro, o sol se distanciando, amiudando, indo se esconder ao longe, mas antes da despedida os horizontes começam a abrasar, a chamejar, a derramar pinceladas de fogo sobre o que resta da tarde. Então o fogo vai apagando, apagando, até surgir a luz da lua. Uma chama que vai e outra que chega para emoldurar um mundo sem igual. Mundo sertanejo de sol e de lua.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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