Rangel Alves da Costa*
A paisagem sertaneja apresenta duas
primorosas obras de arte, sem menosprezar os tantos cenários cheios de
maravilhas e encantamentos. Mas nada igual ao amanhecer e ao entardecer. O
amanhecer, contudo, é menos apreciado que o entardecer, e por um simples
motivo. Somente os sertanejos de mais idade acordam antes de o galo cantar e
convivem com as primeiras cores do dia. Quando os demais acordam a manhã já se
levanto há muito e apenas os raios do sol estão entrando pelas janelas e
iluminando o mundo lá fora. Mas com o entardecer é diferente, vez que apreciado
por todos, pois pouco antes do trabalho ou dos simples fazeres do dia e já
entrando na boca da noite. E não há como não se maravilhar ante tal instante
divino e surpreendente. O sertão inteiro se toma de cores amareladas,
afogueadas, fortes, tingidas, e pelos ares vai se desenhando a mais bela
pintura. Os montes, os cumes, as montanhas, as pedreiras, os horizontes, tudo
fica delineada pelas cores do entardecer. Lá em cima, o encontro e o passo das
nuvens vão abrindo e fechando a fornalha e proporcionando uma festa ao olhar.
Primeiro, o sol se distanciando, amiudando, indo se esconder ao longe, mas
antes da despedida os horizontes começam a abrasar, a chamejar, a derramar
pinceladas de fogo sobre o que resta da tarde. Então o fogo vai apagando,
apagando, até surgir a luz da lua. Uma chama que vai e outra que chega para
emoldurar um mundo sem igual. Mundo sertanejo de sol e de lua.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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