Rangel Alves da Costa*
Aqui de minha janela uma paisagem de
entardecer. Um cais, um farol, uma onda que bate e que volta, uma pedra molhada
de cais, uma gaivota e um barco ao longe. Quem dera existir assim, quem dera
verdadeira tal paisagem. Mas não de todo inexistente ao meu olhar. Consigo
avistar o mar, a onda, o barco, o cais, o farol, o coqueiro, a pedra, a
gaivota. Assim por que o que ouço me coloca diante esta bela visão, ao menos na
imaginação. Adiante de minha janela o mundo, eu debruçado em reflexões, e mais
atrás, em meio tom, a música, a música. Por isso que além da paisagem adiante
de vez em quando me vejo pelas águas do Danúbio, ao redor do lago dos cisnes,
em meio a castelos e florestas encantadas, entre as brumas de um mundo mágico.
Ouço Barcarolle, ouço As Estações, ouço Sonatas, ouço Noturnos, ouço Valsas
Vienenses, ouço cantatas, rapsódias, prelúdios. Bach, Strauss,
Chopin, Tchaikovsky, Offenbach, Vivaldi, Dvorak, Rachmaninoff, Mendelssohn,
Mozart, Wagner, Grieg, Debussy, Beethoven. Doce, doce música, acordes que dão asas à alma e permitem voos
distantes e profundos. E passeios pelas nuvens, pelos horizontes, pelos
paraísos, pelos campos floridos, pela necessidade humana de realização através
do leve sopro da melodia.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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