Rangel Alves da Costa*
E um dia foi chamado de louco aquele
sertanejo que do alto da montanha fez ecoar pelas distâncias esturricadas as
palavras que ainda são ouvidas e repetidas. Andarilho, missionário, profeta,
louco ou sonhador, muitas foram as denominações a ele atribuídas. Mas a verdade
é que abandonou o lar da família para seguir pelas estradas pregando contra as
injustiças perpetradas contra o homem da terra, aquele que quanto mais
trabalhava mais se escravizava perante a força dos coronéis sertanejos. E foi
nas suas andanças que ao entardecer já sombreado subiu numa montanha para um e
outro que por ali passava. Sempre começando com “Bem-aventurados”, prosseguia
sentenciando verdades que foram recolhidas nos cadernos do tempo. Eis, então,
parte do então chamado Sermão do Mandacaru: “Bem-aventurados os que do
mandacaru possuem a flor como esperança e os espinhos como força de luta...”. E
prosseguia com sentenças assim: “Por que quem padece debaixo do sol, se
sacrifica para sobreviver, possui um motivo maior para viver que não somente esperar
que a esmola lhe chegue como submissão...”.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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