Rangel Alves da Costa*
A criança de hoje vive como adulto. O menino
de agora parece não vivenciar o seu tempo, sua idade, suas experiências
infantis. É tudo regrado, tudo, proibido, tudo burocrático demais. A criançada
de hoje não brinca, apenas jogo, e com jogos tecnológicos, informatizados. Mas
ainda recorda de um tempo onde a criança verdadeiramente brincava, se encantava
com as pequenas coisas, possuía um mundo na rua, pelas calçadas, nos quintais e
nos cantinhos das casas. Casa de boneca, cavalo de pau, bola de gude, ciranda,
papagaio, peteca baleadeira, bola murcha, esconde-esconde, cantigas e
pula-pulas. Quando a lua grande descia e as ruas se enchiam de paz - ah, havia
paz -, a criançada chamava aquele mundo de seu mundo e então tudo se tornava em
encanto, em fantasia, em alegria. O menino lançava mão do cavalo de pau e saía
voando rumo ao céu estrelado. Que sonho bom! A menina chamava a amiguinha, mais
uma e mais outra, e de repente já estavam rodando na roda, girando a ciranda,
cantando velhas canções: Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu mandava
ladrilhar, com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes, para o meu, para o meu
amor passar... E lá em cima a lua cheia se enchia ainda mais, e se comprazia de
prazer, de orgulho, de alegria. E iluminava ainda mais aquela infância em flor.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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