Rangel Alves da Costa*
Pombos e pardais certamente que são os bichos
mais injustiçados que existem. Os pardais são pássaros iguais aos outros, só
que mais domésticos, gostando de fazer ninhos nas cumeeiras e nos cantos das
casas. Chegam em profusão, se reproduzem rapidamente e continuam na casa ou nos
arredores. Talvez porque sejam tantos que sejam tão desmerecidos de apreço e de
carinho. Um beija-flor é motivo de festa, um sabiá é motivo de encantamento, um
azulão é motivo de alegria, mas um pardal geralmente motiva raiva, aversão,
revolta. A verdade é que não tem o canto e o trinado, não desperta a manhã com
sua melodia, mas não precisava ser assim rejeitado. Sim, é pássaro sujão,
pássaro sem medida no despejar de tudo lá de cima, mas também é apenas pássaro.
Haveria de ser mais compreendido. O mesmo acontece com os pombos. O mesmo pombo
que simboliza a paz, o amor, a união e a fraternidade, é o pombo indesejado,
desqualificado, tido apenas como transmissor de doenças. Então por que tanto
simbolismo se na vida real é visto como imprestável? Coisa do homem, não coisa
de bicho da natureza. Assim como na vida, o homem elege aquilo que lhe serve
como estima. O restante se torna apenas em resto. E daí os pardais e os pombos
sendo enxotados nos seus destinos passarinheiros.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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