SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 2 de janeiro de 2016

Palavra Solta: quando quero chorar


Rangel Alves da Costa*


Sempre choro quando quero chorar. Não guardo choro quando quero chorar. Não escolho lugar quando quero chorar. Não me escondo quando quero chorar. Não sinto vergonha quando quero chorar. Não procuro banheiro quando quero chorar. Não olho ao redor quando quero chorar. Não escolho instantes nem lugares quando quero chorar. Choro quando quero chorar. Choro todas as vezes que quero chorar. Não escolhos razões maiores ou menores quando chorar. Não seleciono saudades, dores ou angústias quando quero chorar. Mas há razões quando quero chorar. E no rio vem remansando aqueles meus que já partiram, os adeuses para sempre, as despedidas forçadas, os lenços em uma só mão. E no mar vem despontando as coisas singelas deixadas para trás, as memórias de infância e meninice, as flores da vida que desde muito ressecaram. E nos meus olhos irrompe uma saudade tanta, uma angústia tanta, que já não sei quem sou, se um rio, se um mar, ou simplesmente alguém que só quer chorar.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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