Rangel Alves da Costa*
Sempre choro quando quero chorar. Não guardo
choro quando quero chorar. Não escolho lugar quando quero chorar. Não me
escondo quando quero chorar. Não sinto vergonha quando quero chorar. Não
procuro banheiro quando quero chorar. Não olho ao redor quando quero chorar.
Não escolho instantes nem lugares quando quero chorar. Choro quando quero
chorar. Choro todas as vezes que quero chorar. Não escolhos razões maiores ou
menores quando chorar. Não seleciono saudades, dores ou angústias quando quero
chorar. Mas há razões quando quero chorar. E no rio vem remansando aqueles meus
que já partiram, os adeuses para sempre, as despedidas forçadas, os lenços em uma
só mão. E no mar vem despontando as coisas singelas deixadas para trás, as
memórias de infância e meninice, as flores da vida que desde muito ressecaram.
E nos meus olhos irrompe uma saudade tanta, uma angústia tanta, que já não sei
quem sou, se um rio, se um mar, ou simplesmente alguém que só quer chorar.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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