Rangel Alves da
Costa*
Mesmo as
lágrimas, as dores e os sofrimentos, nada consegue impedir que as sombras da
noite se esvaiam para o surgimento de um novo dia.
Porque
sempre acontece de um novo amanhecer...
A vida é
contínua, a existência também. Mesmo não podendo usufruir de todo o percurso,
ao homem não cabe se entregar ao desalento pelo seu grão de passagem.
Porque
sempre acontece de um novo amanhecer...
Tudo se
afeiçoa a um pêndulo, a uma gangorra, a um varal exposto à voraz ventania. Mas
é preciso saber suportar as adversidades com a certeza de que o sorriso
ressurgirá.
Porque
sempre acontece de um novo amanhecer...
Um amor
perdido, um amor desfeito, uma desilusão amorosa, uma tristeza, uma saudade
grande, um coração desalentado, tudo dói demais. Mas também tudo passageiro.
Porque
sempre acontece de um novo amanhecer...
Lágrimas
pelos que partiram, adeuses inesperados a quem amamos, sentimentos de perda sem
fim, nada mais que uma provação na vida. E para o fortalecimento espiritual.
Porque
sempre acontece de um novo amanhecer...
Sim, a
conquista sonhada não veio ainda, o plano não pôde ser concretizado, as
promessas deixaram de ser cumpridas. Mas tudo tem o seu tempo certo para
acontecer.
Porque
sempre acontece de um novo amanhecer...
A idade
que passa, o espelho que não mais sorri, a feição jovial que já mostra marcas
indesejadas, o enfrentamento daquilo que não se quer ter. Mas há a dádiva da
existência.
Porque
sempre acontece de um novo amanhecer...
Viver não
é difícil, não é sofrimento, não é privação nem castigo. Viver é sentir, amar e
realizar. Mostrar a si mesmo que é capaz de vencer as barreiras e semear flores
e sonhos.
Porque
sempre acontece de um novo amanhecer...
Sim, a
vida não está sendo fácil. O passado ainda provoca marcas profundas, dolorosas,
angustiantes. Mas na vida que segue não se deve fazer renascer o que atormenta.
Porque
sempre acontece de um novo amanhecer...
As janelas
não foram feitas para a escuridão. As portas não foram feitas para deixar a
casa em penumbra. Então abra a janela, abra a porta, deixe o sol entrar e a
vida acontecer.
Porque
sempre acontece de um novo amanhecer...
A riqueza
e a pobreza não são motivos nem para o júbilo nem para o entristecimento. O vil
metal vale muito menos que uma cuia sagrada cheia de bênçãos da humildade.
Porque
sempre acontece de um novo amanhecer...
O sertão
está seco, esturricado, tantas vezes faminto, tantas vezes sedento. Há um
menino nu e outro de pés no chão. Mas Deus nada retira sem prover a vida de
felicidade.
Porque
sempre acontece de um novo amanhecer...
Há uma
tristeza no olhar, há uma tristeza na face, há uma tristeza no passo. Apenas o
reflexo de um instante, pois a vida num Eclesiastes de conquistas após as
dificuldades.
Porque
sempre há um novo amanhecer...
Drummond
certa feita escreveu: “Vamos, não
chores... A infância está perdida. A mocidade está perdida. Mas a vida não se perdeu...”. Tudo passa,
mas o coração continua.
Porque
sempre há um novo amanhecer...
Hoje
caneco de estanho e amanhã taça dourada. Hoje água em moringa e amanhã jarra na
geladeira. Hoje tripa com farinha e amanhã a fartura sobre a mesa. A vida, a
vida.
Porque há
sempre um novo amanhecer...
Não me
conformo com nada. Vou atrás do perdido e o transformo em conquista. Porque aprendi
lutar quando todos já se entregavam à escravidão. E daí toda a esperança.
E porque
há sempre um novo amanhecer...
Feliz
2016!
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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