*Rangel Alves da
Costa
Armadilhas
do amor. Parece nome de novela mexicana, mas a pura realidade. Rasgada,
apaixonada, enlouquecida, mas espelhando os desafios e as armadilhas do amor. E
armadilhas que bem poderiam ser tocaias, emboscadas, verdadeiras arapucas.
E também
perigosas demais, pois podem dilacerar, podem ferir e açoitar, fazer sofrer,
fazer chorar. Até enlouquecer. O pior que tudo acontecendo sem sequer a pessoa
ter consciência suficiente para entender a sua verdadeira situação.
Refém da
surpresa pelo amor abruptamente chegado, a pessoa sequer possui condições
mentais para sopesar os perigos, as ameaças ou oportunidades. Passa a caminhar
no escuro, a subir entre nuvens, a sentir-se noutro mundo. E com as
consequências mais imprevisíveis que possam existir.
Tudo
acontecendo de modo inverso ao esperado no amor. Começa a sofrer sem reais
motivos. Ou pelo amor tão desejado que causa transtorno e ansiedade. Começa a
delirar, a fantasiar uma relação ainda sequer começada. Começa pelo fim, eis
que já se imaginando apossado do outro.
Lamentável que assim aconteça. Mas assim
acontece. E muito mais do que possa imaginar nossa vã filosofia. A pessoa está
até bem consigo mesma, acostumada com sua solidão, talvez até já desistindo de
encontrar quem compartilhe seus sentimentos, mas de repente e o destino lhe
prepara a danada da tocaia.
E das mais
preparadas, sem saída mesmo. Chama anjos com setas, redireciona caminhos, faz a
pessoa, imperceptivelmente, ir até o alvo de sua sina: a outra pessoa, aquela
pessoa que ali já espera para que a trama do destino se enlace ainda mais.
Parece tudo inesperado, um acaso apenas, mas não. Tudo planejado por forças
misteriosas.
Então, sem
saber o que lhe espera, sem imaginar o que lhe aguarda adiante, a pessoa
simplesmente se encaminha para ser tocaiado, para cair na armadilha do amor. E
basta um breve instante para ter tudo seja transformado em sua vida. E se torna
em humilde refém.
O mais
difícil de acreditar é que a emboscada não é preparada por um inimigo comum,
por um desafeto ou rixoso de outras datas, mas por aquilo tão caro e desejado
pelo ser humano: o amor. Sim, pelo amor. Toda a arapuca, repleta de laços e
grilhões, preparada pelo amor.
Uma
desmedida covardia. Uma traição imperdoável. Ora, a pessoa luta, busca, se
esforça, tudo faz para dizer a si mesma que está amando, que enfim encontrou
sua outra metade, que está feliz por dentro e por fora, e nada simplesmente
acontece. E quando acontece é desse jeito: um vulcão de boca aberta.
Uma
covardia sem fim. Numa casualidade da vida (também chamada de destino em
desavergonhada cumplicidade), num ocasião qualquer, eis que o olho encontra um
olho adiante e tudo parece revirar. A coisa é tão forte e impactante que a
pessoa nem consegue pensar muito. Encontrei, enfim! Logo imagina.
Tudo
difícil demais de entender por que assim acontece. Dia após dia, noite após
noite, anos a fio, e nada de aquele encontro acontecer. Contudo, do nada, como
verdadeira armadilha, o destino encurta o caminho, marca o encontro e depois se
afasta. Injusto que assim faça, mas faz.
E se
afasta como se dissesse a si mesmo que já fez a sua parte e agora cabe aos dois
se resolverem sozinhos. Vai embora e deixa para ser resolvido entre os dois.
Mas agora é que surge o problema maior. Ou problemas maiores, vez que o
encontro marcado pelo destino nem sempre traz as consequências desejadas.
Mas o
problema maior é quando a outra pessoa olha, sorri com o olhar, sorri com a
boca, corresponde a tudo, mas na hora da proximidade fica dando volteios. Ainda
por cima, depois é que começa mesmo o jogo da judiação. Quer mas não quer, não
é bem assim, precisamos conversar melhor, precisamos disso e daquilo.
Não me
alongarei nos detalhes. Mas é por isso que os copos são revirados, os juízos
desconcertados, as dores e os sofrimentos sem fim. E ter a certeza que amar
assim é sempre perder a paz e padecer muito mais.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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