*Rangel Alves da Costa
Em grande parte do sertão sergipano a seca já
se prolonga por mais de três anos seguidos. Significa dizer que a terra nunca
mais viu escorrer água, as fontes e barreiros nunca mais se encheram, as
pastagens nunca mais brotaram uma só rama verdosa. Por consequência, o
esturricamento por todo lugar, o homem e o bicho sem água e sem alimento, toda
a vegetação definhada, o deserto calorento e triste tomando conta das
paisagens. Com céu sem nuvens desde o amanhecer ao anoitecer, as chuvaradas e
trovoadas vão se tornando em sonhos cada vez mais distantes. Para agravar ainda
mais a situação, nem as torneiras estão mais pingando água na região sertaneja.
O serviço estatal de abastecimento cobra a conta todo mês de cada residência
que possua água encanada, porém não faz derramar nem um pinguinho molhado das
torneiras durante dias seguidos, com relatos de até um mês sem que um copo
possa ser transbordado. Numa situação tal, o que se observa é um viver tão
sofrido como antigamente. Moradores das cidades colocando baldes, latas e
vasilhames nas calçadas em angustiantes esperas que algum carro-pipa passe e
forneça um tiquinho daquilo que de cima não está caindo. É a pobreza da água, a
miséria da precisão da cuia d’água, a plena e total desvalia pelo pão da água.
Até que voltem as chuvas, as trovoadas, os relâmpagos, os trovões, a vida em
festa. Mas quando?
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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