*Rangel Alves da Costa
Com relação ao amor, possuo abundância de
sentimentos e incompreensões. Sou daquele amor que não mais se ama. Possuo
aqueles sentimentos amorosos já não sentidos. Sou tão sincero e real como um
velho diário ou um primeiro caderno de poesias, mas também tão relegado como um
papel de pão ou folha seca que passa à ventania. Mas sei os motivos de assim
acontecer. A muitos não serve mais amar com palavras, carinho, com junção de
planos e sonhos. A muitos não serve mais o abraço afetuoso ou o passeio de mãos
dadas. A muitos não serve mais deitar ao entardecer sobre a relva para ouvir os
silêncios pulsantes de dentro e de fora. A muitos não serve mais o olhar que
fala, o gesto que cativa, a procura na saudade. A muitos não serve mais o lábio
trêmulo apenas buscando o outro. E no toque o voo e o horizonte, talvez a
celestial beleza do beijo. A muitos apenas o amor como relação de ficar, de
transar, de jogar de corpo, de arriscar o sexo e brincar e de sentimentos. Não
sei ser assim. Não sei fingir amor assim. Daí os sentimentos aflorados em um
incompreendido coração. E que, ao mesmo tempo em que se abre em busca de luz,
recolhe-se à sua solidão. Para amar o impossível.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário