*Rangel Alves da Costa
Não há
escrita sem silêncio. Ou o escritor se impõe ao silêncio ou o grito do mundo
atravessa o sentido de sua escrita. Há de se compreender que a escrita tem voz,
que grita, que esbraveja, que é pura algazarra. Contudo, nasce silenciosa,
apenas balbuciante, sussurradamente, como uma doce palavra de amor ao ouvido.
Deve o escritor buscar o silêncio e a solidão. Necessita estar alheio ao mundo
para fazer brotar um mundo novo, uma Macondo, um Santana do São Francisco, um
Mundaréu. Deve estar distante de tudo para dar vida e sentimentos a tantos que
sairão da escrita ao mundo. Que bom que o vento avance e sacoleje a cortina da
janela. Que bom se a folha seca passar adiante da vidraça ao lado. Que bom se o
açoite da ventania traga zunidos e lamentos. E com a brisa e o sol em poente,
apenas o mundo tão necessário ao escritor no seu ato máximo de gozo e prazer,
no orgásmico instante de fruição de seu monástico ofício. Daí que quero ter o
silêncio agora. Daí que preciso de solidão. Não para mim, mas para criar o
mundo que brota em pensamento.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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