*Rangel Alves da Costa
Ontem, com
a notícia da tragédia envolvendo a Chapecoense e integrantes do jornalismo
esportivo, a reação foi de indescritível espanto, sofrimento e tristeza. Tudo
tão absurdamente espantoso que redundou numa espécie de anestesia ante o
acontecido. Ora, acreditava mas não podia acreditar, lia o noticiário mas não
queria ter nada daquilo como verdade, a cada homenagem avistada na angústia e
no tormento era como o enfrentamento de uma pesarosa fantasia. Mas amanheceu e
o anestésico acabou seu efeito, a realidade não mais adormece ou viva se
entorpece na ilusão de pesadelo terrível. Eis que tudo verdade. Eis que o voo e
a despedida, eis que a viagem e o não retorno, eis que o adeus distante do seu
gramado e de sua torcida, eis que o silêncio longe de seu ouvinte e de seu
admirador. Agora, sem anestesia, sem mais condições de esconder os estímulos
dolorosos, é como se a navalha do real ferisse sem piedade. Tudo realmente
acontecido, tudo verdade. Não mais o idílio, apenas o luto. Não mais a
descrença, apenas o enfrentamento da dor. E por isso mesmo - e muito mais -
ainda choro a dor de ontem. Ainda - e muito mais - espanto-me com a fragilidade
de vida, para encontrar forças somente para dizer: Filhos, nunca fostes tão
vencedores, pois alcançastes agora a eterna vitória!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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