SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 26 de novembro de 2016

Palavra Solta – pés descalços


*Rangel Alves da Costa


É preciso abrir a porta e enfrentar o mundo. Jogar todo antigo e buscar a sorte. Enfrentar o mundo em nome do sonho ou da simples necessidade de seguir, de experimentar vida nova. Ninguém vive na clausura pela eternidade. O futuro de tudo está na estrada. Assim, é preciso seguir. Pés descalços pelas estradas, pelos caminhos da vida. Estrada de chão, estrada de barro, estrada espinhenta e pedregosa, mas ainda assim os pés pisam descalços no seu chão e seguindo adiante. Não há espinho nem dor quando a sola do pé já endureceu de tanto seguir. Outras vezes os espinhos apenas se recurvam por dentro da terra para eles mesmos não serem feridos pelas pisadas. Mas também há espinho e dor se o caminhar for amedrontado. As pontas de pedras e espinhos fazem da estrada uma emboscada aos pés que temem seguir ou que não saibam aonde vão. Assim na maioria dos pés que seguem descalços. Noutros, eis que um caminhar como se estivessem numa colcha macia, sobre gramas e flores, no frescor e sossego. Mas sentir a terra, o calor da terra em cada passo, pois só haverá pés descalços quando houver o sentido e a pulsação do que brota da própria terra: o chão, o mundo, a vida.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com 

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