*Rangel Alves da Costa
É preciso abrir a porta e enfrentar o mundo.
Jogar todo antigo e buscar a sorte. Enfrentar o mundo em nome do sonho ou da
simples necessidade de seguir, de experimentar vida nova. Ninguém vive na
clausura pela eternidade. O futuro de tudo está na estrada. Assim, é preciso
seguir. Pés descalços pelas estradas, pelos caminhos da vida. Estrada de chão,
estrada de barro, estrada espinhenta e pedregosa, mas ainda assim os pés pisam
descalços no seu chão e seguindo adiante. Não há espinho nem dor quando a sola
do pé já endureceu de tanto seguir. Outras vezes os espinhos apenas se recurvam
por dentro da terra para eles mesmos não serem feridos pelas pisadas. Mas
também há espinho e dor se o caminhar for amedrontado. As pontas de pedras e
espinhos fazem da estrada uma emboscada aos pés que temem seguir ou que não
saibam aonde vão. Assim na maioria dos pés que seguem descalços. Noutros, eis
que um caminhar como se estivessem numa colcha macia, sobre gramas e flores, no
frescor e sossego. Mas sentir a terra, o calor da terra em cada passo, pois só
haverá pés descalços quando houver o sentido e a pulsação do que brota da
própria terra: o chão, o mundo, a vida.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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