*Rangel Alves da Costa
Chega um momento que as cartas têm de ser
colocadas na mesa. E todo o baralho da vida aberto, exposto, induvidoso. Ora,
eis o instante das verdades, das confissões, das revelações. Eis o momento de tudo.
A relação amorosa não está a contento por algum motivo. Mas qual? O
partilhamento já não ocorre como antigamente, cada um vive para si mesmo,
parece mesmo que tanto faz a existência do outro. Mas por que assim? As coisas
acontecem e permanecem secretas, as dúvidas se espalham onde antes reinavam as
verdades, nada mais parece acreditado. Por que assim? Teme-se que chegue um
tempo de lágrimas não derramadas, de soluços presos, de prantos escondidos.
Teme-se que os travesseiros sejam confessionários, que o sofrimento tome o
lugar de toda alegria. Há de se viver para a paz, para a alegria, para a
satisfação, e não para a angústia e a aflição. Então diga o que sente, o que
pensa, o que aflige. Muitas vezes, ou se toma o remédio amargo ou o veneno
dilacera tudo. Eis o momento. O momento de colocar as cartas à mesa e jogar o
jogo da verdade. E na verdade o renascimento ou o fim.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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