*Rangel Alves da Costa
O ser
humano esquece tudo, menos de sua infância. A pessoa deslembra tudo, menos dos
doces anos de sua vida. A pessoa olvida de tudo, menos de dar azo à sua
imaginação para se reencontrar com imagens passadas, muitas vezes muito
distantes, de seus tempos de meninice. A pessoa acaba apagando tudo da memória,
jamais os verdores açucarados daquela primeira idade. O homem deixa tudo para trás,
afastando de dentro de si diversas etapas da vida, menos a infância, a sua
infância querida. No álbum da memória, inafastável aquelas belas páginas da
criancice. Na moldura da história, jamais carcomida e relegada ao esquecimento
a imagem viva da vida em flor. Oh infância, que não te afastas e não te apagas!
Oh verdes anos, que não ressecam suas pétalas nem perdem viço e perfume! A bola
de gude, a pipa ou papagaio, o chute na vidraça, a roupa suja de reinação, a
correria sem medo, a graça de viver tanta vida. A boneca de pano, a cozinha de
barro, o espelho e o enfeite de fazer mais bela a já tão bela flor. E nunca se
vai embora, oh infância! Nunca te vás, oh infância! E não se vai por que todo o
futuro da vida depende de ti. Está na alegria deste passado toda a certeza do
quanto valeu ter existido e, por isso mesmo, valorizar a existência. E sonhar
com o céu estrelado e o cavalo de pau, com a roda cirandeira e a vida em brincadeira,
e dizer, e repetir: sou feliz por que fui feliz!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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