Rangel Alves da Costa*
Os anjos, estes seres celestiais que servem
de intercâmbio entre os homens e o mundo celestial, não se cansam de estar aqui
e por todo lugar. Creio não ter ofício tão penoso igual ao dos anjos. Ora, não
deve ser nada fácil servir de guia ou guarda a quem não obedece ninguém, sequer
a si mesmo. Assim porque o anjo guardião age na pessoa para que esta tome o
melhor caminho, pratique a melhor ação, pense antes de agir, faça com a razão e
não com a emoção. O anjo incentiva, encaminha, incute no indivíduo a melhor
ação. O anjo segue ao lado para impedir o mau caminho, para guiar o ser na
estrada, para tentar evitar que o destino seja o abismo ou precipício, porém
nem sempre consegue seu intento. E não consegue porque o homem age contra a
sorte, desvirtua o seu destino, segue exatamente por onde não deveria seguir.
Tudo isso deve ser um transtorno sem tamanho para o mensageiro, que de repente
se sente até impotente perante aquele que tem de guardar. Contudo, o problema
maior é que tem de prestar contas lá em cima, dizer sobre o comportamento
humano e sobre o seu progresso de guardião. E anjo não mente não pode mentir,
também qualquer mentira seria vã ante o olho que tudo vê. Então há de se
perguntar: mas onde foi que eu errei, onde foi que eu errei? Certamente que em
nada ou lugar algum. É que o homem é um ser tão incorrigível e difícil de trato
que nem o próprio Senhor consegue demovê-lo da ideia de práticas insidiosas.
Daí que não há salvação. Daí que o caldeirão fervente sempre está ávido para
receber mais um.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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