Rangel Alves da Costa*
Ao lado mandacaru e do xiquexique, o
umbuzeiro representa toda a simbologia sertaneja. Mesmo sem frutificar, ele
permanece imponente no meio do mato, no meio do tempo sertanejo. Quando não dá frutos,
sua serventia é mais para fazer sombra aos bichos do mato, que fugindo da
secura da terra e da fornalha do sol, vai buscar no seu costado o alento no dia
a dia. Árvore sempre grande, espessa, encorpada, sempre há alguma sombra
debaixo de sua copa, ainda que tudo seja sequidão ao redor. E é, pois, nas
sombras dos umbuzeiros matutos que os bichos encontram instantes de menos
tormento pela sequidão que toma conta de tudo. Alguns vagueiam lentamente ao
redor, outros se lançam ao chão tencionando o cochilo e o adormecimento, mas
quase sempre fraquejados pela fome e pela sede. Daí que nas vastidões
sertanejas, onde não há mais folhagem nem copa aberta, lá estará o velho
umbuzeiro acolhendo seus visitantes. Também ali local de descanso do homem em
sua jornada sertões adentro, ali também parada para a trégua do cangaceiro, do
velho beato, do retirante. Um sono profundo, porém ligeiro, pois perigoso
demais o homem assim deitado à vista dos visitantes. Mas o bicho faz dali sua
moradia, seu local de repouso, até sua mesa em certas ocasiões. Quando chove e
tudo começa a vingar novamente, então o umbuzeiro fica carregado de frutos
deliciosos. Quando maduros, despencam e formam tapetes pelo chão. Então logo
chega o homem, o bicho e qualquer um que goste de apreciar a bela fruta
sertaneja.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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