Rangel Alves da Costa*
Quanto mais o tempo passa mais vai aumentando
minha saudade das coisas antigas. Imaginava que as coisas novas, as invenções
modernas e as facilidades de agora fossem apagando o passado, mas não. Em
primeiro lugar, não consigo acostumar - e nem aceitar - os estrangeirismos
nomeando tudo aquilo que tem nome próprio na língua mãe: breakfast, coffee break, hall, avant-première, cash,
couvert e mais outros e tantos outros. Ora, hoje em dia, os bolos recebem nomes
tão estrambólicos que mais parecem coisa do outro mundo. Nada contra, mas
prefiro bolo de macaxeira, de leite, bolo de panela, bolo de neve, bolo da
vovó. Por isso mesmo que aceito com satisfação as saudades antigas. E por isso
saudades tenho dos doces de leite mexidos, da cocada de frade, do pirulito de
mel, do arroz com canela, do mungunzá, da goiabada cascão com queijo de
fazenda. Mariola, cajuína, tubaína, ki-suco, bolo de aniversário, bolachão,
pé-de-moleque, rapadura mole, fruta de quintal. Hoje em dia é tudo diferente,
tudo na química, tudo de gosto forjado. Mas houve um tempo de algodão doce, de
maçã do amor, de pipoca colorida e bilhetes jogados pela janela. Um olho
piscando e querendo namorar, um beijo lançado no ar em direção da linda flor à
janela. Saudades tenho. E como sinto saudades.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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