Rangel Alves da Costa*
Da beleza, a síntese. Na simplicidade, o
belo. Na humildade, o belo. No inesperado, o belo. Que não se imagine a mais
nova invenção humana, quaisquer das maravilhas do mundo, a saga hollywoodiana,
a mirabolância tecnológica, a mais preciosa joia, nada disso. O belo, o majestoso,
a verdadeira beleza, está na flor do mandacaru brotando em plena sequidão, nas
cores das craibeiras florando nas distâncias matutas, na mansidão das águas do
pequeno rio que incessantemente corre, no ninho do passarinho, na borboleta
entrando pela janela, nas flores das relvas ao sabor da ventania, no
desabrochar do cafezal ou na flor do cafezal com seu véu de noiva estendido. A
chuva que cai e vai se despejando pela vidraça, a primeira visão do jardim ao
amanhecer, o grão brotando e a cadeira de balanço se embalando sozinha nas
tardes de saudades e poesias. Quanta beleza na roupa branca esvoaçando no
varal, no bule fumegando café de pilão, nos amigos ao redor de fogueira em
noites de lua grande. E o barquinho que ao longe é avistado, o barquinho que se
aproxima, e de repente as areias se fartam dos cestos de frutas olorosas,
apetitosas, de todas as cores. E bem ao lado os passos ainda marcados na areia.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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