Rangel Alves da Costa*
Só sei que nada sei, já dizia o velho
filósofo grego. Só sei que o que sei é um tantinho assim de não saber quase
nada, sentenciaria Guimarães Rosa. O que sei não pertence a mim, o que imagino
ser sabedoria não é nada que me veio através do estudo ou da lição, mas fruto
do tempo, pois o que sei pertence somente ao tempo, e é o tempo que vai
ensinando o homem, que vai firmando em cada um, através da experiência, o
conhecimento tido como sabedoria, já dizia o sábio do banco da praça. Certa
feita, um discípulo pediu permissão ao seu mestre para assubir ao cume da
montanha para meditar em busca do alcance do conhecimento. Mas do mestre ouviu:
Certamente que o alto da montanha é um bom lugar para refletir, meditar, para
fazer um apanhado daquilo que seja visível na existência, mas não para o
alcance do conhecimento. Adianto, aliás, que este nunca será alcançado, nem em
mim nem você ou qualquer outra pessoa. O que chamamos conhecimento é apenas uma
imperfeita compreensão da realidade. Mas a sabedoria, diferentemente do que
imaginam, está ao alcance de qualquer um. Conhecimento é saber perfeito,
enquanto a sabedoria é um estágio de distinção entre as realidades da vida, do
mundo, da existência. E a sabedoria não está no cume do mundo nem no mosteiro
medieval, mas na estrada, na caminhada, na vivência, no diálogo cotidiano com
as realidades. Neste processo de visão, de sentido e participação, chegará um
tempo de o ser se tornar sábio pelo acúmulo das experiências.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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