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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Palavra Solta: as veredas dos grandes sertões


Rangel Alves da Costa*


As veredas estão nos escondidos dos caminhos sertanejos. Não só passagem para Diadorim e Riobaldo como trajeto para o sertanejo que adentra na mata para sobreviver ou desvendar seus mistérios. São caminhos estreitos, entremeados de chão batido, pedras e espinhos, além dos perigosos habitantes das margens. No seu caminhar de vinte anos pelos escondidos nordestinos, o Capitão Lampião e seu bando cangaceiro cortaram muitas veredas, ora em passo lento ora em correria, mas tendo aquele percurso como o mais seguro frente ao encalço da volante. No meio da mata, aberta onde habita a catingueira, o xiquexique, o mandacaru, o tufo espinhento de mato, a vereda não é para qualquer um. Diadorim e Riobaldo sabiam disso, Lampião também. Foi para fugir dos perigos e dificuldades das veredas que Antônio, o Conselheiro, mandava seus fanáticos abrirem caminho mais largo por onde pudesse passar em pregação. É também ao longo da vereda que o jagunço se amoita à espera de sua vítima. Fazendo tocaia por detrás de pé de pau ou de mato fechado, mira a matadeira e aperta o gatilho quando o inimigo do coronel se aproxima. Um tiro só, no meio da testa, e logo os urubus tomam a vereda como sua. E dela só saem quando se fartarem das entranhas. Por isso que toda vereda é perigosa, mas tão necessária como qualquer caminho sertanejo.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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