Rangel Alves da Costa*
As veredas estão nos escondidos dos caminhos
sertanejos. Não só passagem para Diadorim e Riobaldo como trajeto para o
sertanejo que adentra na mata para sobreviver ou desvendar seus mistérios. São
caminhos estreitos, entremeados de chão batido, pedras e espinhos, além dos
perigosos habitantes das margens. No seu caminhar de vinte anos pelos escondidos
nordestinos, o Capitão Lampião e seu bando cangaceiro cortaram muitas veredas,
ora em passo lento ora em correria, mas tendo aquele percurso como o mais
seguro frente ao encalço da volante. No meio da mata, aberta onde habita a
catingueira, o xiquexique, o mandacaru, o tufo espinhento de mato, a vereda não
é para qualquer um. Diadorim e Riobaldo sabiam disso, Lampião também. Foi para
fugir dos perigos e dificuldades das veredas que Antônio, o Conselheiro,
mandava seus fanáticos abrirem caminho mais largo por onde pudesse passar em
pregação. É também ao longo da vereda que o jagunço se amoita à espera de sua
vítima. Fazendo tocaia por detrás de pé de pau ou de mato fechado, mira a
matadeira e aperta o gatilho quando o inimigo do coronel se aproxima. Um tiro só,
no meio da testa, e logo os urubus tomam a vereda como sua. E dela só saem
quando se fartarem das entranhas. Por isso que toda vereda é perigosa, mas tão
necessária como qualquer caminho sertanejo.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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