Rangel Alves da Costa*
Com precisão, afirmou o filósofo Sêneca que “Os
vícios de outrora são os costumes de hoje”. E se no tempo distante dessa
afirmação tal realidade já era visível, então que se imagine agora. A verdade é
que o tempo parece ir, aos poucos, deixando de ter vergonha, de não mais se
importar com i inadmissível noutras instâncias da vida. Tenha-se, por exemplo,
o adultério que nem mais constitui tipificação penal na legislação brasileira.
Também nos costumes tudo parece ter modificado, e para pior. Noutros tempos as
pessoas andavam vestidas, e bem vestidas, muito diferente das bundas de fora
dos atuais. Noutros tempos as pessoas se cumprimentavam educadamente, com
reverência corporal até. Hoje a pessoa passa pela outra dando trombada, de cara
feia, só faltando chamar para a briga. E chama mesmo: o que é, nunca me viu
não? Antigamente as pessoas sonhavam enamoradas, adoeciam pelos amores não
correspondidos, namoravam em passeios de mãos dadas, se lançavam juntas sobre
as folhas das relvas, planejavam amanhãs, viviam a intensidade do amor
romântico. E hoje é tudo “ficar”, “curtir”, “transar”, como se o amor se
resumisse ao sexo. Mas não um sexo de busca e prazer, mas tão somente num jogo
devasso e permissivo. Lamentável que o mundo tenha chegado a tal ponto. E pior
ainda será, não há como pensar diferente.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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