Rangel Alves da Costa*
O barreiro não fica muito distante da casa.
Segue pelo quintal, desce barranco, sobe ladeira, desce vereda, mas em cerca de
dez minutos já está diante da terra visguenta, do barro arenoso. Ao chegar, se
ajeita num banquinho, vai puxando para seu lado o quanto puder de barro, então
começa a dar vida ao pote, à moringa, a panela, ao prato, ao vasilhame. Tudo de
barro. O barro é visguento demais, é preciso saber a textura apropriada. Nem
mole demais nem muito duro. O ponto é aquele onde o molde não se desfaz com o
trabalho da mão. A forma arredondada tem de permanecer assim, de modo que as
mãos proporcionem a forma que desejar. O artesanato original não faz uso de
engenhoca para alisar o objeto, pois cuida do alisamento com as próprias mãos,
eis o segredo do trabalho bem feito e duradouro. Assim que cada objeto vai
ficando pronto, logo é colocado para secar. Quando já endurecidos pelo sol,
então os objetos são recolhidos para outra destinação. Alguns vão parar na
olaria, para queimar na lenha até chegar ao tom avermelhado de barro cozido. Já
outros continuam na cor original, sem necessitar de forno para o embelezamento.
Daí em diante os potes, jarras e moringas tomam o caminho das feiras, ou
permanecem nos cantos das casas, em qualquer lugar onde possam ser oferecidos.
E a preço barato. Doistões pelo pote tão essencial para juntar água e matar a
sede, pela moringa que adormecida à janela resfria mais a água que geladeira.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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