*Rangel Alves da Costa
Tem gente que não suporta sentir saudade.
Sempre diz que dói, que causa sofrimento, angústia, desilusão. O que não deixa
de ser verdade. Contudo, fazer o que se a danadinha sempre chega parecendo com
hora marcada? Depois do entardecer, e lá vem a saudade. Depois do anoitecer, e
lá vem a saudade. Um retrato, uma carta, um bilhete, uma velha canção, tudo
causa saudade. A chuva caindo e a saudade chegando, a canção do vento e a
saudade chegando, o silêncio ao pôr do sol e lá vem a saudade, o barulho das
ondas e lá vem a saudade, as pedras molhadas do cais e lá vem a saudade. E
quando deito para repousar, o simples imaginar da solidão, então mais saudade.
Saudade do beijo, do abraço, do afago, do cafuné. Saudade da palavra sussurrada
ao meu ouvido, do olhar sobre o meu olhar, do caminhar em minha direção. E como
sinto saudade de tocar o corpo, acariciar a pele, roçar o lábio, sentir o frio
e o suor. Não há como fugir de tais saudades. Para não sofrer, ou para não
sofrer muito mais, cativo com amizade as saudades vindas. Sou amigo de todas
elas. Talvez por isso ainda não enlouqueci de tanta e tamanha saudade.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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