Rangel Alves da Costa*
“Neste momento, apenas solidão para muitos”.
“E certamente estão bem acompanhados...”.
“Verdade. A solidão não deixa de estar acompanhada de muitas coisas...”.
“Nos instantes de solidão há uma verdadeira revolução espiritual...”.
“Mas muita gente só pensa no se lado negativo”.
“Verdade é que não deixa de ser doloroso...”.
“Como um processo ou ritual de reencontro...”.
“Sim. Consigo mesmo e com os outros...”.
“Do solitário com a sua mente povoada...”.
“Porque a mente do solitário nunca está solitária nem se torna vazia. Jamais...”.
“É incrível que aconteça assim, mas é na solidão que há um encontro maior...”.
“Porque ela é reflexiva, é instigadora, vai sempre à busca de caminhos...”.
“Quase sempre tristes e doloridos...”.
“Lamentável que seja assim...”.
“O solitário nos seus labirintos...”.
“E com a mente repleta de visitantes...”.
“E geralmente imaginamos apenas o quarto fechado, a pessoa num canto, o olhar distante, a mudez...”.
“Não sabem o que se passa dentro da mente do solitário, não imaginam sobre os seus visitantes...”.
“Ao falar em visitantes você diz sobre...”.
“Sobre as lembranças, as recordações, as imagens do passado, as faces surgidas, os momentos vividos, os semblantes adorados e tão distantes...”.
“Que tristeza infinita...”.
“Tudo porque a solidão sempre escolhe o lado mais pesaroso para se manifestar...”.
“O passado alegre, feliz, de grandes realizações sempre é esquecido...”.
“Porque não há solidão para a felicidade. Ninguém se fecha em si mesmo, busca estranho recolhimento pelo fato de estar feliz, alegre, cheio de contentamento. O portal da solidão é a tristeza e não a alegria”.
“Isso mesmo. As pessoas felizes procuram comemorar com os outros seus instantes de felicidade, logo anunciam ao mundo seu estado de espírito”.
“Pois é, diferente ocorre na solidão. Ou a pessoa se recolhe para amargar seu momento ou simplesmente vaga pela vida como fantasma solitário”.
“Acho ainda mais terrível esse tipo de solidão, quando o solitário está na presença de outros e até na multidão”.
“Mas é como se não estivesse na presença de ninguém. Nesse momento, o mundo do solitário é visível apenas da mente para dentro...”.
“E um mundo muito diferente. O presente adiante que praticamente não vê e não sente e o mundo exterior, que está povoado do passado e de recordações...”.
“Bem que poderia haver um branco na solidão, ou seja, o solitário fugiria de toda e qualquer realidade...”.
“Seria menos doloroso”.
“Mas também não haveria mais a razão de ser da solidão”.
“Ela tem feição própria, atua a seu modo, dilacera como deseja...”.
“O mais incrível que acho é a placidez na face do solitário. Quem esteja nessa condição dificilmente possui um rosto de dor, fechado, lacrimejante, crispado. Não. Há quase uma indescritível meiguice no semblante...”.
“Porque a pessoa não está sofrendo fisicamente, apenas mentalmente...”.
“Daí os olhos apertados, o olhar sempre mirando ao longe, tudo como se a pessoa estivesse num lugar bem distante...”.
“E certamente estará...”.
“Diante do ex-amor, de um ente querido, de um momento de despedida, de um lenço acenando, de um adeus de despedida...”.
“E que aflição no peito!...”.
“O problema maior é não deixar que o solitário queira realmente encontrar os seus motivos de solidão. Se isso ocorrer a mente fraquejará e a pessoa logo pensará que tem asas...”.
“E o voo incerto...”.
“Na certeza mais triste...”.
“Da árvore mais alta da vida...”.
“Ao entardecer...”.
Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
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