Rangel Alves da Costa*
“O amor, o amor...”.
“Sentimento maior!...”.
“Amar é maravilhoso...”.
“Saber amar mais ainda...”.
“E principalmente ser amado...”.
“Não tanto quanto amar...”.
“Por quê?”.
“Amor não deve ser visto como troca, como algo que se dá para receber...”.
“Contentamento em apenas estar amando?...”.
“Sim. Ter a certeza de amar é o que basta!...”.
“E a quem se ama?”.
“Caberá reconhecer. Apenas isto...”.
“Reconhecer amando...”.
“Seria melhor que fosse, mas um amor verdadeiro. Não algo como mera retribuição...”.
“Como reconhecer a verdade na retribuição?”.
“O amor é reconhecível demais. Não por palavras, mas por atitudes...”.
“Eis o problema maior: as atitudes do amor...”.
“Nada demais. Um gesto, um sorriso, até uma recordação...”.
“Muitas vezes o outro espera mais...”.
“Mas não será amor, pura encenação...”.
“Mas não será muito além do esperado apenas o gesto ou o sorriso?”.
“Certamente que sim, pois tais fatores sozinhos também não dizem nada...”.
“O que seria acrescentado?”.
“O instante passado, o ontem, o dia anterior...”.
“O amor no seu percurso de construção...”.
“Isso mesmo. O sorriso dado com amor não surge ao acaso. Ele já foi cimentado...”.
“Com a pedra da palavra, a areia da dúvida, o cimento do querer, o ferro da esperança...”.
“Maravilhosa concepção. O abraço de agora já foi plantado há muito. Por isso mesmo não pode haver frieza num gesto que tão verdadeiramente se faz...”.
“Assim se reconhece o amor, a partir daquilo que lutou para existir...”.
“Se conseguiu vencer as barreiras das intempéries, dos problemas e das dificuldades, então o outro não duvidará de quem mostra tanto amar...”.
“Mas ainda assim duvida!”.
“Porque não ama, é insensível, brinca com o sentimento do outro. E o pior: dificilmente encontrará a felicidade amorosa...”.
“Mas tem muita gente assim mesmo. Infelizmente...”.
“Pessoas que enganam a si mesmo. Daí a minha assertiva de que mais vale amar do que esperar retribuição no outro...”.
“Mas causará sofrimento...”.
“Sofrimento e sabedoria; sofrimento e aprendizado; sofrimento e certeza de que não errou por amar. Mas o outro sim, que não soube encontrar o amor onde existia verdade!”.
“O problema é que terá dificuldade em acreditar novamente em outra pessoa...”.
“Creio que não. A não ser que a pessoa não cimente o seu relacionamento, seja daqueles que encontram e no mesmo instante já dizem que estão enlouquecidamente apaixonados...”.
“São muitos assim...”.
“São. Mas também estes aprenderão muito com as brincadeiras de amar. Chegará o dia que não haverá mais fingimento...”.
“Perante o outro?”.
“Não, perante a própria pessoa. Ou ela reconhece que precisa recomeçar tudo para aprender a amar ou terá o destino da eternidade fingida...”.
“Não será tarde para recomeçar?”.
“Quando digo recomeçar, o faço indicando até uma pessoa de oitenta anos. O recomeço que se tem de ter é saber primeiro conhecer a pessoa, depois sentir a pessoa, e daí em diante ir cimentado os melhores sentimentos...”.
“Sob pena de apenas se sentir bem e achar que ama...”.
“Sim, sob pena de confundir o amor com presença, com ficar ou deitar”.
“E sem nunca aprender o seu real significado nem como ele verdadeiramente se manifesta...”.
“É. Sem nunca saber da infinitude desse sentimento que compartilhamos...”.
“Tem certeza?”.
“Ora, meu amor, os dias não mentem!...”.
Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
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