SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 10 de setembro de 2012

PALAVRAS SILENCIOSAS - 9

                          
                                               Rangel Alves da Costa*


“Eis a noite...”.
“Na busca de sua plena realização...”.
“O tempo chuvoso...”.
“A chuva fininha...”.
“Sentimentalismo molhado...”.
“E o vento soprando leve...”.
“A janela ainda aberta...”.
“A valsa leve na cortina...”
“Respingos soprados esvoaçando até aqui...”.
“E quem dera se molhasse tudo...”.
“Quem dera se lavasse a alma...”.
“Quem dera a eterna paz desse momento...”.
“Com a vela acesa...”.
“A taça de vinho...”.
“O toque...”.
“O beijo...”.
“A música suave...”.
“A valsa inebriante de Tchaikovsky...”.
“A carícia...”.
“Estar ao teu lado...”.
“E um dentro do outro...”.
“Amor...”.
“Sim. Amor. Você me ama?”.
“Eis uma pergunta que muitas vezes não merece resposta...”.
“E por quê?”.
“Porque o amor nunca é reconhecido numa resposta dada...”.
“Mas todo mundo quer ouvir do outro...”.
“Apenas para satisfazer o ego...”.
“Mas já causa grande contentamento”.
“O que é uma coisa boa. Mas não é essa a razão de ser do amor...”.
“As palavras nunca dizem tudo?”.
“Jamais. O amor não é nome, sobrenome, nomenclatura ou conceito acabado. O amor é...”.
“Sentimento?...”.
“Acima de tudo sentimento. É fácil dizer que tem sede, fome ou sono. Mas como alguém pode dizer que ama?”.
“Eis uma questão interessante...”.
“A verdadeira voz do amor é muda, é silenciosa, é brisa, é imaginação. Ademais não haveria uma palavra, por mais bela que fosse, que expressasse o verdadeiro sentido do amor...”.
“Talvez o coração saiba...”.
“Sabe e não permite que a boca expresse mais do que sabe, o que sente, o que ama...”.
“Então, como o amor realmente se expressa?”.
“Nos atos e nas ações de quem ama; no trato e no cuidado para com o outro; no sentir-se bem quando está ao lado e impiedosamente mal quando está distante; na entrega absoluta sem se dar completamente; na satisfação maior com um simples olhar, um toque, um beijo...”.
“E também no fortalecimento da relação, na incessante busca de construção de amanhãs sempre melhores e prazerosos...”.
“Também no respeito, na credibilidade que um tem sobre o outro...”.
“Mas você me ama?”.
“Digo sim pela boca. Mas como poderia falar pelo resto, pelos sentimentos mais verdadeiros, pelo coração mais sincero?”.
“Então há outro amor no amor?”
“Não. Há mais amor no amor. Apenas digo que amo, mas o quanto amo não preciso dizer. Os olhos do outro que ama reconhece tudo!”.
“Assim como os meus...”.
“Assim como os nossos...”.



Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
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