SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Palavra Solta: amor


Rangel Alves da Costa*


O amor inventa e reinventa em si mesmo. O amor é tudo e mais ainda, pois não se farta de querer mais. O amor é arte, ofício, um fazer sem igual com a argila dos sentimentos. O amor é tacho de doce, é panela perfumada de coisas boas, é fartura sem fim de delícias, é o apetite e a gula do coração. O amor é flor, é jardim, é perfume e pétala, é abelha e colibri, é viço e cor, é buquê e imensidão. O amor é poesia e entardecer, é poema e anoitecer, é verso e inspiração, é escrita dourada no livro do tempo. O amor é simplicidade, paciência e humildade, é feição e ternura, é moradia e lar. O amor é sol e é lua, é pomba e feição nua, é escondido no meio da rua. É amor é mistério, segredo e magia, é tábua indecifrável e pergaminho se repetindo: amo-te, amo-te, amo-te. O amor é soma e multiplicação, é acrescência e germinação, é florescência e emoção. Por isso que os pés descalços não sentem os espinhos, a sede espera seu instante de beijo, a distância se faz tão próxima pelo desejo. Por isso que a dor se mistura ao prazer, pois amor é dor de saudade, é grito de ausência, é temeroso tormento, mas também o silêncio da esperança, a palavra de contentamento e a voz da satisfação. Por isso que o amor é assim: um começo sem fim, um fim que sempre busca um recomeça. Daí sua eternidade, ainda que prossiga apenas na saudade.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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