Rangel Alves da Costa*
O amor inventa e reinventa em si mesmo. O
amor é tudo e mais ainda, pois não se farta de querer mais. O amor é arte,
ofício, um fazer sem igual com a argila dos sentimentos. O amor é tacho de
doce, é panela perfumada de coisas boas, é fartura sem fim de delícias, é o
apetite e a gula do coração. O amor é flor, é jardim, é perfume e pétala, é
abelha e colibri, é viço e cor, é buquê e imensidão. O amor é poesia e
entardecer, é poema e anoitecer, é verso e inspiração, é escrita dourada no
livro do tempo. O amor é simplicidade, paciência e humildade, é feição e
ternura, é moradia e lar. O amor é sol e é lua, é pomba e feição nua, é
escondido no meio da rua. É amor é mistério, segredo e magia, é tábua
indecifrável e pergaminho se repetindo: amo-te, amo-te, amo-te. O amor é soma e
multiplicação, é acrescência e germinação, é florescência e emoção. Por isso
que os pés descalços não sentem os espinhos, a sede espera seu instante de
beijo, a distância se faz tão próxima pelo desejo. Por isso que a dor se
mistura ao prazer, pois amor é dor de saudade, é grito de ausência, é temeroso
tormento, mas também o silêncio da esperança, a palavra de contentamento e a
voz da satisfação. Por isso que o amor é assim: um começo sem fim, um fim que
sempre busca um recomeça. Daí sua eternidade, ainda que prossiga apenas na
saudade.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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