Rangel Alves da Costa*
Os lenços molhados simbolizam
as lágrimas, as tristezas, os sofrimentos. Os lenços encharcados simbolizam o
desalento, a perda, o adeus, a desdita da vida. Os lenços lavados simbolizam os
rios e mares derramados pelo olhar, os transbordamentos da alma, os
desaguamentos das aflições. Os lenços molhados remetem à solidão, à tristeza, à
saudade, à distância. Um lenço molhado à mão da mocinha na janela. Um lenço
molhado à mão daquela que pranteia o último adeus a um ser tão amado. Um lenço
molhado à mão da pessoa solitária e que no meio da noite, ao invés de gritar
pelo nome de alguém, se encharca de saudade e sofrimento. Um lenço molhado à
mão daquele que acena para alguém ao longe e que correndo vai ao encontro de um
abraço. Um lenço molhado após o entardecer, ao cair da noite, madrugada
adentro, na vigília solitária de todas as horas. Um lenço molhado e ainda assim
uma correnteza sem fim. Um lenço molhado e a fonte interna rebentando rios de
agonias. Até que após, num instante ou num dia qualquer, a pessoa aviste o
varal que se estende adiante. Ali no varal, no sopro da esperança, talvez o
renascimento.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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