SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 7 de novembro de 2015

Palavra Solta: lenços molhados


Rangel Alves da Costa*


Os lenços molhados simbolizam as lágrimas, as tristezas, os sofrimentos. Os lenços encharcados simbolizam o desalento, a perda, o adeus, a desdita da vida. Os lenços lavados simbolizam os rios e mares derramados pelo olhar, os transbordamentos da alma, os desaguamentos das aflições. Os lenços molhados remetem à solidão, à tristeza, à saudade, à distância. Um lenço molhado à mão da mocinha na janela. Um lenço molhado à mão daquela que pranteia o último adeus a um ser tão amado. Um lenço molhado à mão da pessoa solitária e que no meio da noite, ao invés de gritar pelo nome de alguém, se encharca de saudade e sofrimento. Um lenço molhado à mão daquele que acena para alguém ao longe e que correndo vai ao encontro de um abraço. Um lenço molhado após o entardecer, ao cair da noite, madrugada adentro, na vigília solitária de todas as horas. Um lenço molhado e ainda assim uma correnteza sem fim. Um lenço molhado e a fonte interna rebentando rios de agonias. Até que após, num instante ou num dia qualquer, a pessoa aviste o varal que se estende adiante. Ali no varal, no sopro da esperança, talvez o renascimento.
                                      

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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