Rangel Alves da Costa*
Hoje, aos 52 anos, sou uma soma de amores
perdidos. Recluso por opção, silencioso por devoção, solitário por destino,
acaso deseje recordar o que seja amor tenho de voltar ao passado e nele
encontrar os amores perdidos. Paquerei muito, namorei muito, beijei muito, tive
relacionamentos mais duradouros. Já me dei e me doei, já recebi e já retribui,
e hoje vivo na mais miserável situação amorosa. Ou talvez na hibernação depois
de tanta efervescência de vidas. Não sei por que, mas a verdade é que jamais
disse adeus e depois parti sem olhar pra trás. Jamais terminei com qualquer das
namoradas, nunca pus fim aos romances mais alongados. Logicamente que todas as
vezes fui simplesmente expulso dos corações, dos corpos, dos sexos, dos
sentimentos. Todas as vezes fui esquecido, negado, relegado. Todas as vezes fui
forçado a aceitar os términos, os fins e os sumiços. Todas as vezes fui tratado
de tal forma como se um indesejado estranho estivesse em meu lugar. Não quero
citar nomes, não pretendo culpá-las pelos ocorridos, não pretendo me fazer de
vítima nem dizer que agiram erroneamente. Se assim aconteceu, certamente
motivos existiram. Mas até hoje não conseguir entender quais seriam as
motivações para os desprezos, os adeuses, os abandonos. Nunca maldisse o corpo,
o sexo ou a alma. Sempre fui amante, poeta da sedução, andante de flor à mão e
pronto para entregá-la. Talvez aí esteja o meu erro, talvez aí resida o meu
infortúnio amoroso: entreguei flores demais. Quis amar demais. E acabei assim,
no silêncio e na solidão.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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