Rangel Alves da Costa*
Dessa vez não precisa de forno ou fogão,
panela ou assadeira, balança ou medida. Dessa vez não vai precisar de ovos,
farinha de trigo, leite, manteiga, açúcar, caramelo ou uma pintada disso ou
daquilo. Dessa vez não precisa que os olhos estejam voltados para o papel, não
será preciso que a experiência traga do tanto fazer quase a receita pronta ou
que a memória vá rebuscar nos tempos antigos da cozinha e do fogão da vovó a
magia da receita deliciosa. Dessa vez não haverá nada disso, pois tudo mais
simples do que se possa imaginar, e sem nada escrito ou pensado, apenas feito
pelo prazer. Pois hoje uma receita diferente: doçura de felicidade. Acorde
esquecendo se os sonhos foram bons ou ruins, desperte contente, com máxima
disposição, levante rapidamente e corra até a janela. Abra a janela e
cortinados e deixe a luz entrar. Respire e sinta a manhã, procure um motivo
para senti-la ainda mais. Então abra a porta e vá atrás do pássaro, da flor, da
borboleta, do colibri. Vá abrir os braços à vida, agradecer ao Deus da
existência, vá caminhar pelos arredores, vá sentir as belezas singelas. Firme
no coração um compromisso com a felicidade e diga a si mesmo que na manhã
seguinte estará de retorno para dizer sobre o seu dia, para contar sobre suas
realizações. Mas não se incomode se onde mora não houver janela e o sol da
manhã estiver distante ou não aparecer. Desenhe no pensamento a manhã que
desejaria ter e sinta-se ladeado de flores do campo ao sair para o asfalto das
ruas. A sua doçura de felicidade será conseguida do mesmo jeito. A receita está
dentro de cada um e a sua fruição naquilo que se deseja ter.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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