Escrevi o
texto intitulado “Ainda sobre a velhice”, e em comentário gentil e precioso, a
querida Ana Bailune logo sentenciou: Um lindo texto! Então, no mesmo espaço, peço
permissão à escritora petropolitana para publicar, mesmo sem sua anterior
autorização, suas considerações acerca da velhice e recordações familiares.
Eis:
“Um lindo
texto! Me fez lembrar de muitas coisas, e acho que é isso que os bons textos
fazem.
Eu tinha
medo da velhice, da degeneração do corpo. Fui uma moça bonita, e a ideia de
envelhecer e perder a beleza sempre me assustou. Mas chegou a hora, e então percebi
que a velhice é uma fase. Talvez não a melhor delas, mas pode ser interessante
também. Hoje, quando penso na velhice, lembro-me dos braços enrugadinhos da
minha mãe se abrindo quando ela chegava à janela aqui de casa e olhando as
montanhas, exclamava: "Mas olha só que coisa linda! Você deve agradecer
todos os dias, pois mora em um pedacinho do paraíso!" E me lembro do rosto
dela, e das pulseiras e aneizinhos que usava, sempre muito arrumada, e nunca
deixava de comprar coisas novas e passear muito. Gostava de dançar e viajar.
E acima de
tudo, tornou-se muito tolerante. Quando minha irmã brigava com ela, e dizia
coisas que eu sei que a deixavam magoada, ela suspirava fundo, arrumava a
bolsinha e ia passar uns dias fora. Depois, voltava. Não guardava mágoa.
E minha
irmã me ligava nessas ocasiões, me pedindo opinião sobre o que fazer, e eu
ligava para minha mãe e via que as duas enxergavam a mesma situação de maneira
muito diferente. minha irmã cheia de impaciência (sinto que até de remorso), e
ela, conformada, mudando de assunto, querendo falar do tempo, do programa de
TV, do novo paquera no clube onde dançava.
Se ela
ficava magoada, nunca me disse.
Acho que
quando a velhice é aceita, ela traz essa paz de espírito, pois mostra que estar
perto da hora da morte ao invés de angústia, traz alívio.
Por isso,
enquanto todo mundo chorava amargamente a morte de meu sobrinho aos 24 anos,
minha mãe, dizia: ‘É... mas a vida é assim. a vida continua... de nada adianta
ficar triste’. E tem gente que pensava que ela era fria”.
Um comentário:
Obrigada!
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