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terça-feira, 14 de junho de 2016

A UNIVERSIDADE TIRADENTES (UNIT) EM CRISE?


*Rangel Alves da Costa


Quando o advogado e professor Jouberto Uchôa de Mendonça, então um visionário no setor educacional sergipano, fundou o Colégio Tiradentes na Rua Laranjeiras, num prédio acanhado e de pouco estrutura, certamente não imaginaria que pudesse alcançar a glória atual. Com efeito, sua estrutura educacional de hoje, e que responde pelo nome Universidade Tiradentes, constitui-se num conglomerado de ensino, regionalizado e com atuação em diversas áreas e níveis educacionais.
Quando, já na Rua Lagarto, o professor Uchôa decidiu não mais oferecer ensino de primeiro e segundo graus e passar a atuar somente como faculdade, estava dando o primeiro passo para o reconhecimento da instituição como universidade e, daí em diante, expandir sua atuação de modo vitorioso e essencial para a educação superior sergipana. Mesmo continuando com base no centro da capital, a estrutura conhecida como Campus da Farolândia foi a consecução do grande sonho do grande empreendedor educacional.
Contudo, ainda não seria o ápice, pois o professor Uchôa logo buscou ultrapassar fronteiras e expandir a atuação da Unit nos principais polos regionais de Sergipe e em seguida pelo Nordeste. Hoje, indiscutivelmente, a Unit se constitui num referencial de educação superior brasileira e oferece múltiplas modalidades de cursos, presenciais e a distância, com quadro profissional qualificado e já desde muito responsável pela formação de grandes nomes da magistratura, da educação, da cultura e da sociedade sergipana em geral.
Diante de tal quadro, não há como deixar de reconhecer que a Unit está destinada a progredir cada vez mais, a avançar cada vez mais na educação brasileira. Exemplo disso é a atuação em diversos estados nordestinos, o aumento das modalidades de ensino, o crescimento do número de alunos e a perspectiva de tornar-se presente em cada município sergipano. Ademais, esmera-se na qualificação docente, nos modernos laboratórios, nos centros de práticas profissionais de primeiro mundo.
Então, haveria de se indagar: Por que a Unit está em crise? Ora, a afirmação da crise é da própria instituição de ensino. Fato é que enviei ofício à instituição, endereçada à própria reitoria, solicitando apoio/colaboração/patrocínio para um evento que estou organizando e que será realizado no dia 17 de junho próximo, através do Memorial Alcino Alves Costa, na cidade de Poço Redondo, no sertão sergipano.
O evento, denominado 1º ENCONTRO DE DESCENDÊNCIA DO CANGAÇO, consistirá numa vasta programação cultural, que se prolongará durante todo o dia, e contará com a presença dos descendentes de ex-cangaceiros e ex-coiteiros, bem como de historiadores, palestrantes, convidados e toda a população sertaneja, com a apresentação de grupos folclóricos e muitas outras atrações culturais. Será uma forma de reunir, num dia de congraçamento, parentes daqueles cangaceiros e coiteiros que enveredaram no bando de Lampião e que, na sua luta, também escreveram a saga sertaneja e nordestina. Saliente-se ainda que Poço Redondo foi a povoação que mais filhos deu ao bando do líder maior do cangaço.
Pois bem, para a realização de tal evento buscou-se, dentre outros órgãos e entidades, a colaboração da Unit, através de patrocínio, que o negou através da Coordenadoria de Mídia e Produção, e com a seguinte justificativa: “Diante das circunstancias atuais do País, a Educação privada vêm sofrendo bastante com isso, então, não poderemos patrocinar o 1º Encontro de Descendência do Cangaço, conforme oficio enviado a reitoria 02/2016. Tivemos a necessidade de realizar alguns cortes em nosso orçamento, e o trabalho/investimento institucional da Marca, ficaram para um segundo momento. Desde já agradecemos seu interesse em nos ter como patrocinador e desejamos sucesso no evento”.
Eis a resposta enviada para a Unit, de forma até inesperada, pois anteriormente a assessora telefonou para este organizador do evento e disse que enviaria email e na resposta ao mesmo fosse incluído cartaz, programação ou quaisquer outros documentos que consubstanciasse a solicitação. Contudo, o primeiro email enviado já chegou com o selo da negativa.
Lamentável que assim tivesse ocorrido, pois o reitor da Unit é pessoa com ampla atuação cultural, educador por excelência, imortal na ASL, coautor de livros sobre a História e a Geografia sergipana, e que sempre primou pelo incentivo às manifestações culturais sergipanas. Ademais, trata-se de uma universidade, de um centro de transmissão do conhecimento e do saber. Contudo, comercializa sua atuação ao negar patrocínio sob a justificativa de crise. E, no caso, verdadeiramente inexistente.
E ao comercializar, apenas procura usufruir de forma capitalista, sem proporcionar a devida retribuição à cultura, à história sertaneja. Repita-se: trata-se de uma universidade. Um universo do conhecimento que nega apoio à cultura sertaneja.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Ex-aluno do Colégio e da Faculdade Tiradentes

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