*Rangel Alves da
Costa
Deus está
aqui. Jesus, o filho do Homem, caminha entre nós. Tudo vê, tudo sente, está por
todo lugar. E desse poder de a tudo ver, sentir e estar, talvez ele se comova
ainda mais com a realidade presente e, subindo numa montanha, ou mesmo nas
alturas e diante de todos, diga aos sertanejos:
Bem-aventurados
os pobres de mesa, de pão, de chão e de terra, porque deles será a colheita de
amanhã.
Bem-aventurados
os que agora sofrem pela incúria do homem, pelo desprezo do homem, pelos que
têm fome e sede e nem um só homem de poder e bens chega em seu auxílio, pois
eles serão reconhecidos como aqueles que possuem muito mais que votos.
Bem-aventurados
os que silenciosamente choram com filho doente e sem ter um remédio, os que
padecem pelo filho descalço e sem poder comprar um chinelo, os que vivem
humilhados pela pobreza, pelo casebre e pela roupa carcomida de tempo, porque
eles terão as dádivas e o olhar do Senhor.
Bem-aventurados
os que são vistos e tratados apenas como eleitores e não como seres humanos que
merecem todo o respeito e amparo durante todo o convívio da existência, porque
eles serão os verdadeiros eleitos.
Bem-aventurados
os que vivem desempregados, desassalariados, entristecidos e sem perspectivas
de um futuro melhor, porque o sertão não viverá eternamente ao esquecimento das
empresas, das indústrias, das fábricas, de mão de obra e do emprego, e eles
serão fartos.
Bem-aventurados
os esquecidos do Bairro São José, os excluídos e marginalizados do Bairro São
José e todos os bairros, conjuntos e logradouros, porque Deus fortalece e
consola cada coração, enxuga cada lágrima e cuida do seu filho como aquele de
mais amor.
Bem-aventuradas
as famílias que velam os seus no Bairro São José, que têm de sofrer caladas
para não serem as próximas vítimas do Bairro São José e todos os bairros,
conjuntos e logradouros, porque resguardadas pela justiça do Pai.
Bem-aventurados
todos aqueles e todas aquelas que encontram instantes nas correrias do dia a
dia e sempre estão presentes na vida dos mais necessitados, levando consolo,
levando a palavra, levando um pão, compartilhando de uma amizade que vale mais
que o ouro, porque eles receberão o justo reconhecimento de Deus.
Bem-aventurados
os pacificadores, os bons pastores, os amigos dos fiéis, devotos e de todo o
povo sertanejo, assim como Padre Mário, Padre Cláudio e demais semeadores da
palavra sagrada em todos os credos e religiões, porque a eles serão dados os
preciosos grãos para as boas colheitas.
Bem-aventurados
os que compartilham com o irmão e conterrâneo a palavra, o gesto afetuoso, o
carinho acolhedor, fazendo da humildade a graça maior de ser e conviver como
aquele igual no ontem e no amanhã, porque deles é o reino dos céus.
Bem
aventurados os que possuem portas sem móveis, os que possuem mesa sem pratos,
os que possuem cozinhas sem panela sobre o fogão, os que somente têm a vida a
viver, mas, ainda assim, sem enchem de alegria quando são lembrados em uma
visita, porque terão a fartura do mundo.
Bem-aventurados
os que cuidam da Capela de Santo Antônio do Poço de Cima, os fiéis que fazem da
Igreja Matriz o mais belo jardim, os abnegados que zelam pela Igreja do São
José e todos os templos sertanejos, porque é do agrado aos olhos de Deus aquele
que cuida de seu altar.
Bem-aventurados
sois vós, sertanejos, que sentem orgulho de sua terra, que amam o seu chão, que
não renegam o nome do sertão quando em meio a outros povos, pois nasceste com
uma marca e dela jamais se afastará: um coração caboclo, cheio de sol e de lua,
como nenhum outro coração pode haver!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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