*Rangel Alves da Costa
Somos
falsos demais. E muito mais perante nossas veladas ações do que exteriormente.
E mais ainda pelos que pensamos ante o que expressamos. E também frios,
calculistas, inimigos ocultos, perversos, o outro que assusta até a nós mesmos.
E também sujos, pecadores, obscenos, imorais, licenciosos. E ainda covardes,
medrosos, fracos. Tudo isso nós somos. E não adianta pretender se santificar ou
fingir virtudes inexistentes. Ora, nunca somos realistas, nunca comungamos com
verdades únicas, nunca somos irretocáveis e incontestes. Somos inimigos de nós
mesmos, fazendo o contrário daquilo que o bom senso pede, negamos nossos
valores pela vontade deliberada do erro. O pior é que poucos sabem que agimos
assim. Comumente, apenas sabemos que nos alimentamos do erro. E não mudamos. E
não mudamos porque fingimos correção, atitudes válidas, valores positivos.
Nossas mentes execram, enlameiam, sujam. Nossos pensamentos ferem, matam,
executam, enterram. Nossas línguas se coçam para serem elas mesmas, sem
fingimento, mas nossas falsidades impedem que sejamos verdadeiros. Acaso nossas
aparências fossem transformadas naquilo que se mantém oculto, escondido em nós,
então todos saberiam que o outro lado é toda a negação da existência, da vida,
do próprio ser. Eis que nada somos mais que uma mentira revestida de aparentes
bondades. Não passamos, enfim, de um invólucro chamado corpo numa aversão
chamada ser.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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