*Rangel Alves da Costa
Minha
amada possui olhos tristes. Também fico triste pelos olhos tristes de minha
amada. Mas sei que os olhos tristes de minha amada não sabem que também vivo
triste pela sua tristeza. Os meus olhos vivem tristes por causa dos olhos dela,
mas seus olhos tristes sequer imaginam as razões de minha tristeza. Há uma
junção e uma distância nas duas tristezas dos olhos tristes. Ela vive assim,
entristecida na janela, lacrimosamente tecendo versos de esperança, enquanto os
meus olhos passam adiante avistando ao longe sua tristeza. Meus olhos querem se
aproximar, querem brilhar diante os olhos dela, sorrir e até cantar, expressar
todo o sentimento do coração, mas entristecem ainda mais por não poder se
espelhar no espelho do amor. Sei que os olhos dela são tristes pela solidão,
pela falta de outro olhar sorridente, pela falta de uma confissão nascida num
olhar. Sei que chora, sei que se enternece, sei que lamenta e sofre. Ai como eu
gostaria que suas lágrimas caíssem e escorressem pelo rio dos olhos meus, que
sua tristeza escorresse pela minha face até se cansar de sofrer. Mas enquanto
isso, enquanto os meus olhos não encontram seus olhos, apenas caminho, passo ao
longe, avistando o seu sofrer num sofrimento que é meu. Por amor, por amor.
Pelos caminhos paralelos do amor.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário