*Rangel Alves da
Costa
A
independência é sonho de todos. Não só o ser humano deseja independência, mas
também povoados e até estados e regiões. Exemplo maior está nas povoações de Sítios
Novos e Santa Rosa do Ermírio que desde muito tempo almejam ser independentes
de Poço Redondo.
De vez em
quando também se ouve falar da região nordestina como nação independente. Daí
que a noção de Nordeste independente já ganhou constituição, hino, padroeiro e
até língua própria. Há uma música neste sentido: “Imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente...”.
Também o
sul do país, principalmente no Rio Grande do Sul, há um contínuo movimento de
independência com relação ao Brasil, quando a região seria desconstituída do
restante da nação e passaria a ter vida própria. E, a partir da reconhecida
negação de brasilidade, ser um país não muito amistoso com seu novo vizinho.
Mas, e se
Poço Redondo - apenas um município empobrecido do sertão sergipano - de repente
se rebelasse contra Sergipe, o Nordeste e o Brasil, e se tornasse independente?
Área territorial possui, e maior que muitos países mundo afora. Mas o restante,
como ficaria?
Ora,
logicamente que cada povoado alcançaria o status de estado. Assim, surgiriam os
estados de Curralinho, Cajueiro, Jacaré, Bonsucesso, Sítios Novos e Santa Rosa
do Ermírio. O último, que nunca gostou de fazer parte do município, renegaria a
nova nação poço-redondense do mesmo modo que o Rio Grande do Sul renega o
Brasil.
Os estados
da nação poço-redondense seriam estes, e os municípios pertencentes a cada
unidade da federação seriam, dentre outros, Areias, Alto Bonito, Queimada
Grande, Patos, Guia, Lagoa das Areias, e assim por diante. Queimada Grande, por
exemplo, seria município do estado de Sítios Novos.
Os
conjuntos São José, Lídia e Augusto Franco seriam transformados em territórios.
Cada um teria seu governante, recursos próprios para o desenvolvimento, com
responsabilidade sobre a educação territorial, a saúde e a segurança. Sendo
responsáveis por seus destinos, certamente encontrariam os caminhos progresso e
da paz.
A Basílica
da nação poço-redondense seria a Capela de Santo Antônio do Poço de Cima. Santo
Antônio seria o padroeiro e Nossa Senhora da Conceição proclamada a Mãe da
Nação Sertaneja, sendo devocionada por todo o país a partir da Igreja Matriz da
cidade de Poço Redondo, sede do governo e capital da República.
A bandeira
de Poço Redondo teria um sol com chapéu de couro, ornada com um feixe de flores
de mandacaru. Como lema teria a seguinte frase: “Nação sertaneja para a luta,
terra sertaneja para o trabalho”. O brasão, simbolizando a identidade nacional,
seria o desenho de uma craibeira florida ladeada por um ramalhete de pingos
d’agua. O hino seria Romaria:
“É de
sonho e de pó, o destino de um só/ Feito eu perdido em pensamentos obre o meu
cavalo/ É de laço e de nó, de gibeira o jiló/ Dessa vida cumprida a sol/ Sou
caipira, Pirapora, Nossa Senhora de Aparecida/ Ilumina a mina escura e funda o
trem da minha vida/ Sou caipira, Pirapora Nossa Senhora de Aparecida/ Ilumina a
mina escura e funda o trem da minha vida/ O meu pai foi peão, minha mãe,
solidão...”.
Muitas
seriam as personalidades históricas da nação, todos de famílias como as dos
Sousa, dos Cardoso, dos Feitosa, dos Marques, dos Nascimento, dos Francelino,
dos Rodrigues, dos Alves, dos Sacramento, dos Costa, dos Félix, dos Santana,
dos Braz, dos Lucas, e tantas outras. O herói da pátria seria cada sertanejo,
enquanto seu mártir seria Zé de Julião.
E o mundo
enfim conheceria uma nação tão forte como o próprio homem. Nação cuja história
entremeia viajantes, comboeiros, vaqueiros, coureiros, benzedeiras, rezadores,
parteiras, lavradores, caçadores, sonhadores de um mundo melhor. Tem na terra
sua riqueza, na luta sua história e no povo sua grandeza maior.
Eis a
nação surgida: Estados Unidos de Poço Redondo. Pátria de sol e de chuva,
moradia de toda esperança.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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