*Rangel Alves da Costa
A chave e o seu enigma, o seu desejo, a sua
impertinência, a sua traição. Um simples instrumento para ou fechar portas, mas
de repente toma uma aparência muito além de sua especificidade. Ora, por que a
chuva de repente não abre, por que o tão conhecido caminho da fechadura se
torna dificilmente demais de ser encontrado, por que inesperadamente some num
passe de mágica? A chave é assim, uma boa amiga, um meio de proteção, mas
também uma falsidade sem igual. A pessoa sai e esquece a chave por dentro, ela
quebra dentro da fechadura bem num instante de grande necessidade, ela cai e
misteriosamente rola por debaixo da porta, ela some da bolsa ou do bolso quando
dela mais se necessita. A pessoa chega em casa “aperreada” e nada de encontrar
a chave, e quando encontrada emperra na fechadura, não quer entrar, não dá
voltas, não reage à ação. Debaixo da chuvarada, correndo para chegar logo em
casa e se proteger, mas diante da porta a surpresa: a chave foi esquecida em
algum lugar. Outras vezes, depois de se desesperar de tanto procurar, a pessoa
acaba quebrando o cadeado ou a fechadura, e quando o estrago já está feito
então ela é avistada logo ali, pertinho, parecendo adormecida em sono solto.
Por isso que muita gente prefere pular a janela. E ela está sempre apenas recostada
nas noites adulterinas.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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