Rangel Alves da Costa*
O que restarão das palavras dos diários
antigos, o tempo haverá de perguntar um dia. As pessoas mudam, se transformam,
seguem outros caminhos, e de repente já não são mais sequer as aparências do
que se mostraram no passado. Mas seus pensamentos e ideias, sonhos e desejos,
realidades e fantasias, permaneceram nas escritas de antigamente. Pessoas
existem que procuram apagar todo o passado, incluindo aquelas verdades escritas
nos seus diários. Outras sentem mesmo vergonha das inocências e dos
romantismos, das confissões e dos anseios, das ilusões e quimeras. E escondem
seus diários como se ali testemunhos que não devem ser mais acreditados. E
ainda outras se voltam aos seus escritos numa intensa busca de reencontro à
felicidade. Sentem que eram felizes naquelas palavras, que eram verdadeiras
segundo os escritos, que nada mais lhes restam senão o alimento do que foram um
dia. E assim os velhos diários são lidos, negados, buscados ou esquecidos. Nas suas
páginas tantos corações e flechas, tantos castelos e interrogações, tantos
sorrisos alegres e olhos lacrimejantes. As verdades, as mais puras e densas
verdades. E sempre mais verdadeiras do que as escritas do presente. Estas de
repente se negam a ficar na memória.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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