*Rangel Alves da Costa
Mais uma eleição se aproxima, e dessa vez
para prefeitos e vereadores. Logo chegarão as campanhas, as promessas, aquela
ladainha toda que todo mundo já conhece. Contudo, por mais que haja um
compromisso ético e moral para não mais votar nas mesmices corruptas, nas
gestões desastrosas e nas legislaturas improdutivas e venais, o eleitor se vê
impedido de não se dar ao trabalho de enfrentar a fila de votação no dia do
pleito. É que a lei, ao tornar o voto obrigatório, a um só tempo força que o
eleitor legitime as escolhas e dê feição de legalidade ao corrupto eleito. Mais
tarde alguém há de dizer que é corrupto mas foi votado. Mesmo que a pessoa vote
em branco ou anule o seu voto, sua ação terá efeito nos quocientes eleitorais,
e assim por diante. Na verdade, a obrigatoriedade nada mais é que forçar o
eleitor a ser partícipe das futuras improbidades, falcatruas ou desonestidades
dos eleitos. De um modo ou outro, foi o eleitor que, com sua participação na
eleição, assegurou o direito do prefeito indigno ou do vereador indigesto. E
não há o que fazer, pois ou vai à fila de votação ou receberá diversas sanções
e penalidades, numa esperteza legal que soa à ação ditatorial. Mas bastaria que
nos desobrigassem a votar e estaríamos livres de vez do sentimento de culpa, da
sensação de que a corja é cria do eleitor.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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