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quinta-feira, 21 de julho de 2016

Palavra Solta - nos desobriguem ao voto e estaremos livres do sentimento de culpa


*Rangel Alves da Costa


Mais uma eleição se aproxima, e dessa vez para prefeitos e vereadores. Logo chegarão as campanhas, as promessas, aquela ladainha toda que todo mundo já conhece. Contudo, por mais que haja um compromisso ético e moral para não mais votar nas mesmices corruptas, nas gestões desastrosas e nas legislaturas improdutivas e venais, o eleitor se vê impedido de não se dar ao trabalho de enfrentar a fila de votação no dia do pleito. É que a lei, ao tornar o voto obrigatório, a um só tempo força que o eleitor legitime as escolhas e dê feição de legalidade ao corrupto eleito. Mais tarde alguém há de dizer que é corrupto mas foi votado. Mesmo que a pessoa vote em branco ou anule o seu voto, sua ação terá efeito nos quocientes eleitorais, e assim por diante. Na verdade, a obrigatoriedade nada mais é que forçar o eleitor a ser partícipe das futuras improbidades, falcatruas ou desonestidades dos eleitos. De um modo ou outro, foi o eleitor que, com sua participação na eleição, assegurou o direito do prefeito indigno ou do vereador indigesto. E não há o que fazer, pois ou vai à fila de votação ou receberá diversas sanções e penalidades, numa esperteza legal que soa à ação ditatorial. Mas bastaria que nos desobrigassem a votar e estaríamos livres de vez do sentimento de culpa, da sensação de que a corja é cria do eleitor.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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