*Rangel Alves da
Costa
“Polícia
acha que todo mundo é bandido”. Nas palavras de Julio Espinoza, pai de um jovem
morto após não ter parado o carro e ser perseguido pela polícia, uma verdade
inconteste. Por não ser devidamente preparada, por ser treinada apenas para o
enfrentamento, por usar tática de confronto nas ruas, além de ser reconhecidamente
arrogante, truculenta e extremamente violenta, a polícia acaba não distinguindo
- ou não se dando ao trabalho de distinguir - qualquer pessoa de um bandido.
Exemplo maior está na abordagem. A abordagem policial já é feita considerando
ser o indivíduo um criminoso perigosíssimo. “Mãos para o alto, deita aí seu
filho da puta, seu vagabundo. Onde está a arma, onde está a droga, onde está o
roubo?” E assim vai descendo o ferro, vai chutando, vai ferindo o ser humano
inocente no seu mais íntimo. Mas aparência de inocência ou de honestidade, de
idade ou sexo, sequer é considerada na ação policial. Mas não poderia ser
diferente. Policial é treinado para não ter sentimentos, para não ter
sensibilidade, para não respeitar ninguém. Aparenta mesmo ser um inimigo de
toda a sociedade, seja boa ou má. E nada pode ser dito ou feito contra sua
ação, sob pena de cometimento de “desacato à autoridade”. Mas qual autoridade
possui a mera e descabida truculência, a violência como ação de normalidade?
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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