SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 30 de julho de 2016

POÇO REDONDO TEM CULTURA, SIM SENHOR!


*Rangel Alves da Costa

 

Poço Redondo tem cultura, sim senhor! Nesta sexta-feira ficou demonstrado que quando o povo resolve mostrar seus valores permanentes, suas tradições e suas riquezas históricas e culturais, todos os escondidos aparecem em festa, em beleza, em identidade, em valorização das raízes. E de todas as raízes, desde as primeiras gestações familiares aos que atualmente manifestam seu orgulho de pertencimento sertanejo.
E foi um dia de reencontros e de compartilhamentos. Num evento onde se celebrava a cultura poço-redondense e a memória daqueles que enveredaram pelos caminhos do cangaço, o que se viu foi uma celebração das origens e das gestações familiares. E de repente o reencontro alegre e saudoso, através de retratos e objetos, com aqueles que formam a grande árvore da genealogia sertaneja.
E assim foi possível que os de agora reencontrassem os seus já distantes no tempo. Ali, como num álbum antigo, as feições que tanto orgulharam Poço Redondo e permanecem como exemplos de tenacidade e obstinação. Ali, como num retrato emoldurado, toda a realidade de um povo que possibilitou o que agora somos. Por que através de personagens da história poço-redondense, árvores genealógicas foram construídas de modo a permitir que o distante se fizesse tão presente na feição de cada um que ali estava em honrosa celebração.
Um Poço Redondo cheio de história, de memória e de valor, sim senhor! Ali Adília como tronco maior de uma geração familiar inteira, desde os filhos aos bisnetos, tataranetos e aos que virão. E assim com a família de Sila, com as raízes de Zabelê, com os frutos gerados por todos aqueles que um dia deixaram o bando de Lampião para gestarem famílias, estas mesmas que hoje em dia enobrecem não só Poço Redondo como todo o sertão.
Zé de Julião celebrado com a honra merecida. O ex-cangaceiro, político e renomado sertanejo estava ali retratado em si, na sua força e obstinação, mas também nos seus filhos e filhos destes. Já no dia 27, um documentário exibido sobre sua trajetória além do cangaço, já deixava claro o quanto Poço Redondo deve se orgulhar desse seu filho. E assim por que Zé de Julião não foi apenas mais um personagem importante no contexto histórico sertanejo, mas aquele que sonhou em nome de seu povo e pagou com a morte o sonho bonito que teve.
Também Alcino celebrado pela sua trajetória pessoal e sua persistente luta pelo reconhecimento e valorização de nossa história. E alguém me confidenciava que tudo ali parecia com Alcino, que tudo ali se amoldava ao coração sertanejo de Alcino. Uma verdade, pois tudo ali representado já havia sido pensado, pesquisado, escrito e divulgado por Alcino. Mais que uma homenagem, o permanente reconhecimento de sua luta pela valorização do seu povo e sua terra.
Em meio aos estandes, e de repente a Maranduba, a Guia, o Angico, cada recanto tão importante tanto no passado como no presente. Ora, num simples banner, mas toda a família Marques estava ali, toda a família Nascimento, as raízes e os frutos dos Vito, toda a família Braz e tantas outras famílias ali presentes e compartilhando as feições antigas com as de agora, pois seus parentes também ali em celebração. E surgindo Zefa da Guia como exemplo vivo da vastíssima riqueza do nosso sertão.
Tudo muito bonito, muito organizado, demonstração sem igual de que é possível fazer quando se tem comprometimento. Fruto de uma construção coletiva, com a participação de professores da rede municipal de ensino, alunos e colaboradores. A semana inteira em preparativos para a culminância do que ontem foi majestosamente avistado. E uma coisa não fácil de ser feita: um culto ao passado, com toda a pujança do nosso passado. Por isso mesmo o reconhecimento do empenho da prefeitura municipal e da secretária municipal de educação, através da obstinada Rogéria Dantas. Sua equipe também foi de fundamental importância para o brilhantismo do evento. Todos de parabéns.
E quando, no palco, os pífanos dos Vito ecoaram, então a culminância se fez perfeita: o melhor que temos com o melhor que podemos fazer. E fazemos bem feito, pois temos cultura, sim senhor!

 

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

Nenhum comentário: