ALMA MINHA, AMOR MEU...
Rangel Alves da Costa*
Segundo o espiritismo, as almas viventes de um dia eternizam-se para cumprir seus anseios e objetivos terrenos. E lembro bem que em todas as vidas que vivi, por não poder te encontrar nos meus outros instantes de vida, sempre me deram a certeza de que um dia te encontraria como já estava escrito, e te amaria como estava destinado a amar e assim retornaria feliz, até ser chamado novamente à vida para viver o mesmo imenso amor, nós dois em outras encarnações.
Renasci novamente numa pessoa como sempre fui, triste e solitário, porém cumprindo na terra o destino das pessoas escolhidas para se entregarem de corpo e alma às ações dignificantes, de modo que no julgamento de sempre não fosse sentenciado pela pena da omissão, do semear discórdia e do pecado em si mesmo. Por isso renasci também com o coração dos humildes, dos doadores, dos crentes na bondade dos homens e dos amantes. Com o coração dos amantes sim, e porque tenho um destino de amor a ser cumprido ao lado de alguém que já deveria, há muito tempo, desde outras vidas, ter compartilhado a sorte dos que se entregam por um querer comum.
O meu amor também renasceu para cumprir o doce e suave fadário de encontrar o seu verdadeiro amor. Em outras vidas, em outros e outros corpos, também experimentou amar, vivenciou o convívio amoroso, mas não amou como verdadeiramente deveria. E foi assim porque o seu amor verdadeiro era outro, separado que esteve daqueles momentos pelas circunstâncias impostas. E não poderia ser diferente, pois o ser com a expressão maior de querer, de sentir, de se entregar ao outro verdadeiro, sempre foi preservado para esse encontro de agora, para hoje em dia, para essa realidade em que vivemos. Fomos colocados, pois, no mesmo instante e na mesma idade da vida para que cumpríssemos o que secularmente nos foi destinado, que é a união como almas gêmeas que se amam. É este o nosso momento...
Você passou e eu te olhei e eu te quis e te amei, não por um acaso; não porque as pessoas se encontram e um fica desejando o outro. Não. Esse olhar, esse querer e esse amar estava apenas sendo despertado da distância adormecida do tempo, porque eu já te conhecia, eu já me apaixonei por você um dia – mesmo sem a presença ideal - e jurei eternamente que um dia seria minha para sempre. Como vê agora, muitas vidas tivemos que viver para que se cumprisse o que secularmente já havia sido escrito nas estrelas: haverá uma vida em que essas duas vidas enfim se reencontrará para formar uma só vida!
Não estamos fazendo nada de novo, meu amor. O amor é novo e é imenso porque foi se depurando com o tempo, para nos chegar com essa feição de descoberta mágica que temos agora. É novo porque nossas outras vidas repassaram para o instante em que vivemos somente aquilo que merece ser vivenciado no amor, que é aquela ideia que nos vem à mente e diz que parece que fomos feitos um para o outro. Mas já havíamos sido feitos assim, um para o outro, só que nunca conseguimos realmente nos encontrar para confirmar a certeza de que nossos espíritos estiveram sempre pairando sobre todas as forças para possibilitar esse instante na imensidão infinita da vida.
Estamos na presença do nosso instante, estamos diante do momento em que, enfim, teremos que nos encontrar por um acaso e, a partir de um olhar em meio à multidão talvez, tenhamos a certeza e consciência de que nunca nos sentimos tão atraídos, desejados e carentes um do outro, porque não seremos nós que estaremos agindo e querendo, mas sim o destino desse imortal se confirmando, que é o amor. Por isso olhe para mim, minha alma amada de sempre, meu amor de eternamente agora...
Advogado e poeta
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com
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