*Rangel Alves da
Costa
Não por
mero acaso que a atual sede municipal de Poço Redondo primeiro foi chamada de
Poço de Baixo. Localizado um pouco mais abaixo do seu nascedouro, na povoação
do Poço de Cima, o núcleo habitacional foi gestando num descampado, entre
currais e fazendas, ladeado por elevações por quase todas as vizinhanças.
As
elevações ladeando a cidade são marcos geográficos perceptíveis e que ainda
continuam influenciando no crescimento e na urbanização. Para se ter ideia, há
a elevação do Poço de Cima e os altos de João Paulo e Tindinha. Somente na
direção da beira do rio, nas estradas de acesso a Curralinho e Bonsucesso, é
que são poucos os declives. Estes se acentuam apenas nas proximidades das
povoações ribeirinhas.
Encrustado
entre elevações, além de estar ladeada pelo Riacho Jacaré, a sede municipal
logo ressentiria dificuldades de crescimento em diversas direções. O riacho
acabou como verdadeiro limite entre o centro e a área rural, ainda que de
distância mínima. Tanto no Alto de João Paulo como no Alto de Tindinha, as
construções surgidas estavam além dos limites da área urbana. No último caso,
onde apenas uma ponte separa uma sequência de moradias, ainda assim se tem a
localidade como fora do centro urbano.
Dizer que
mora na cidade, mas no outro lado da ponte, significa dizer que reside nas
proximidades de algum cume naquelas referidas localidades. Tanto assim que
tanto num como no outro Alto é possível avistar a cidade um pouco mais abaixo.
Assim também ocorre com a região do Poço de Cima. Quem segue nestas direções
nem sempre percebe que vai subindo, somente quando chega ao destino e começa a
mirar em direção à sede municipal.
Tais
considerações parecem irrelevantes, mas não são. Todo o crescimento da cidade,
o surgimento de conjuntos e outras expansões habitacionais, são influenciados
pela localização e a disposição geográfica da cidade. É de fácil percepção que
Poço Redondo vai crescendo em terrenos mais planos, sem acentuadas elevações.
Assim ocorreu com o Conjunto Lídia e o Bairro São José. Já o Conjunto Augusto
Franco confrontou exatamente com o leito do Jacaré. Em posição mais elevada
está a região da Praça Frei Damião, mas mesmo assim sem grande contraste com o
centro da cidade.
Dado às
limitações impostas pela vizinhança do Riacho Jacaré, bem como a presença de
terrenos sem grandes declives, o crescimento urbanístico da cidade tende a se
acentuar em quatro regiões distintas: Conjunto Lídia, região da estrada do
Curralinho, Bairro São José e após o conjunto habitacional ainda em construção
à entrada da cidade, mas muito mais nas três últimas localidades, pois o Lídia
já ressente o contato direto com as pequenas propriedades.
E assim
porque a região do Bairro São José conta com grandes áreas para futuras
construções em direção à estrada de Bonsucesso, em terrenos que são loteados. O
mesmo ocorre nos arredores da Praça Frei Damião, seguindo pelas vizinhanças da
estrada de Curralinho. Já o conjunto em construção certamente será a porta de
entrada para que novas moradias vão surgindo nos terrenos ao lado da rodovia
estadual e adentrem as terras ainda de pastagens e pedregulhos.
Atualmente
é possível perceber que, de um lado, a cidade termina aonde começa o riacho e,
de outro, que a cidade avança aonde há terreno propício às novas construções.
Ainda assim, mesmo com as novas construções observadas na parte inicial da
Avenida Alcino Alves Costa, esta não permitirá crescimento senão em direção à
região do Bairro São José. Há pouco espaço até a pista da rodovia, no outro
lado, bem como termina na primeira via de acesso à cidade.
Contudo,
uma cidade não cresce a contento sem um planejamento urbanístico inteligente e
responsável. Não adianta um crescimento sem infraestrutura, sem saneamento, sem
pavimentação, dentre outras necessidades essenciais. Ademais, Poço Redondo
precisa mostrar que cresce urbanisticamente, de forma organizada, e não que
apenas vai se alargando de qualquer jeito e modo. Até porque os favelamentos
nascem assim.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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