*Rangel Alves da
Costa
Não se
trata de um esboço biográfico, mas tão somente algumas citações sobre o que fui
e o que sou, bem como das esperanças que ainda me restam pela estrada. Apenas
partes, logicamente, pois já aos 53 anos eu bem que poderia preencher muitos
cadernos e diários com as primaveras e os outonos da existência. De tudo ainda
recordo, como se estivesse na meninice ou adolescência, mas nada muito
diferente dessas fases na vida em todo mundo. Somente a partir da mocidade,
quando os livros e outras lições requerem aprendizagem, é que delimitamos a existência
perante os demais. Daí que mais importa, no momento, conhecer alguns capítulos
essenciais dessa minha história.
PRÓLOGO -
Nasci em Poço Redondo, no sertão sergipano do São Francisco, numa região onde a
seca e as estiagens são constantes, a pobreza econômica pontua nas povoações e por
todo lugar, e onde ainda é possível encontrar um mundo singelo e sublime, mesmo
que grande parte já tenha sido tomada pelos modismos e todas as mazelas do
mundo contemporâneo. Nasci num mundo assim, onde ainda é possível compartilhar
os instantes com pessoas humildes de beira de estrada, onde os caminhos são
ladeados por mandacarus e xiquexiques, e onde, de vez em quando, ainda possível
sentir o cheiro de café torrado no fogão de lenha e a galinha de capoeira
fervilha na panela de barro. Mas tive de me afastar um pouco de lá aos onze
anos, pois não havia outra saída senão dar continuidade aos estudos na capital.
Então fiquei dividido, deixando lá o meu coração e levando comigo a força de
luta e a esperança de boas realizações pela vida.
UMA PARTE
DE MIM - Sou advogado inscrito na OAB/SE desde abril de 2003. Mas meus pequenos
orgulhos agora foram acrescidos com o meu registro como jornalista e também
como membro da Associação Sergipana de Imprensa. Brevemente irei concluir minha
graduação em História, pois saí do curso na UFS - por que havia passado no
vestibular pra Direito - faltando apenas um período para a conclusão. E depois
tenciono fazer Filosofia. Mas bem antes disso tomarei posse, dia 20 de
setembro, na Academia de Letras de Aracaju. Mas não para por aí não. Depois de
tudo, ah depois de tudo: Poço Redondo, uma casinha no mato, um sol na janela e
uma lua no meu olhar. E a vida, e viver, e viver, na terra onde nasci e que um
dia beijará minha face.
OUTRA
PARTE DE MIM - Enquanto escritor, eu já tenho cerca de vinte livros publicados
e mais quatro ou cinco prontos para publicação. Já desde uns cinco anos que
colaboro com textos para o Jornal do Dia, assinando artigos na página 03 aos
domingos e também durante a semana. Diversos outros jornais reproduzem textos
de minha autoria, bem como sites informativos e de literatura. O Nenotícias
também publica assiduamente meus escritos. Para uma ideia melhor de como meus
textos estão espalhados por aí, só no Recanto das Letras (site voltado à
literatura) consta, até o dia de hoje, 24/08, 6965 textos publicados, com um
total de167374 leituras. Repito: 6965 textos publicados de minha autoria,
dentre artigos, crônicas, contos, poesias. Vivo, assim, a cada dia, em
obediência à máxima latina: nulla dies
sine linea. Ou seja, nenhum dia sem uma linha. Ou ainda, nenhum dia sem
escrever ao menos uma linha.
PARTES DAS
PARTES DE MIM - Solteiro, mesmo já tendo experimentado o amor de muitas
mulheres “de todas idades e todas e todas as cores”, verdade é que hoje
reconheço ser impossível conviver conjugalmente com alguém. Mulher alguma
suportaria o meio jeito solitário de ser, o meu afastamento das badalações da
cidade, a minha preferência pelo silêncio e pelo afastamento do mundo lá fora.
Vivo praticamente entre quatro paredes, saindo apenas para o exercício
profissional, e depois retornar ao que mais gosto de fazer: escrever. E esperar
que a sexta-feira chegue para retornar a Poço Redondo, cuidar de um Memorial
que lá mantenho, rever os amigos, caminhar pelos seus caminhos, viver o mundo
sertanejo no que de melhor ainda lhe resta.
EPÍLOGO -
Semeio, cultivo sempre. Não desejo experimentar a dor do menino Zezé quando lhe
foi tirado seu pé de janela lima. Sofro demais por cada folha que cai. Quero
tudo sempre como algo imorredouro, eterno. Mesmo a vida com seu início e fim.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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