*Rangel Alves da Costa
Temo ser envolvido pela realidade. Não me faz
bem ser comum, ser igual a tantas pessoas que vivem num tanto faz para tudo.
Sou diferente e preciso ser diferente. Gosto de experimentar o gosto da solidão
e a doçura do enternecimento. Jamais escondi minha sensibilidade ante as
singelezas da vida: a noite enluarada, o sol sobre as águas, o remanso dos
barcos que passam e voltam. As pedras do cais são muitos importantes em mim.
Assim também a revoada e o vento soprando no coqueiral. Ora, sentimento é para
fluir na alma, no espírito, no olhar, na emoção. Por isso temo o mundo comum de
pessoas tão comuns. Para mim nunca tanto faz a vida, a existência, o estar.
Tudo é significativo, até mesmo essa chuva na noite que tanto espero. Nunca
mais estendi os braços além do portão para serem respingados, nunca mais tomei
banho na biqueira do quintal, nunca mais desenhei corações na vidraça embaçada.
Preciso de chuva, de noite chuvosas, de sonatas molhadas e percepções de um
amor infinito. Ainda que na solidão.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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