*Rangel Alves da Costa
Não me incomodo de jeito nenhum se me
chamarem de maluco quando eu estiver conversando com as pedras, as flores, as
árvores, os espinhos. E também com a terra, o vento, o bicho da malhada, o
bicho do mato, a lua, o sol, as estrelas. Não há diálogo melhor, mais
proveitoso, verdadeiramente frutificante. Sei que todos me ouvem, por que sei
que todos respondem. Mas sei que nem todo mundo tem a voz exata ou a palavra
certa para tais diálogos, pois não adianta qualquer proseado ou qualquer falar.
Na verdade, muitas vezes, o silêncio fala mais alto e sempre ressoa melhor. Sei
disso porque certa feita uma pedra me falou que acha melhor ouvir não pela
palavra nascida da boca, mas pelo olhar, pela feição e principalmente pelo
coração. E disse ainda que basta a presença para compreender além da alma. E em
tal presença se sente bem quando a pessoa se senta no seu colo e faz do
silêncio um diálogo profundo. Por isso que costumo seguir solitário pelas
estradas e, silenciosamente, cumprimentando quem tanto me acolhe. A pedra, a
flor, a árvore, o espinho... E quando choro sempre há um lenço estendido.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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